sexta-feira, 4 de julho de 2014

Sou espírita; Allan Kardec: Sofrimento e resignação na ótica espírita

Sou espírita; Allan Kardec: Sofrimento e resignação na ótica espírita: Sofrimento e resignação na ótica espírita Este é um planeta de provações e de expiações. Isso não é bom, nem é ruim, é a condição evolu...

Sofrimento e resignação na ótica espírita





Sofrimento e resignação na ótica espírita


Este é um planeta de provações e de expiações. Isso
não é bom, nem é ruim, é a condição evolutiva do planeta.


Desde os mundos primitivos destinados às primeiras
existências humanas até os mundos divinos, celestes, conforme a classificação
dos Espíritos, encontramos os mundos de provas e expiações.


Afirmam os Guias da Humanidade que, nos mundos de
provas e expiações predomina o mal. O bem ainda se elabora, mas predomina o
mal.


Se nesses mundos predomina o mal, todos aqueles que
neles vivemos, estamos, de certa maneira, sujeitos ao mal desse mundo.


É muitíssimo importante pensar nessa questão. Cada
vez que olhamos a nossa volta encontramos sofrimentos de todos os níveis.


Sofrimentos na área social. Há indivíduos que
nascem, que vivem em estado de tamanha pobreza, de miséria sociologicamente
ditos, abaixo da linha da pobreza, economicamente também entendidos assim.


E ficamos a nos perguntar: Como é que no mundo
onde se põe fora, onde se exorbita, onde há lixo rico, nas grandes cidades,
pode existir tanta fome?


Encontramos criaturas que, desde que nascem são
marcadas por enfermidades soezes, indivíduos que são autistas, hidrocéfalos,
microcéfalos, macrocéfalos, cegos, surdos-mudos, criaturas que nascem com
lesões intransponíveis como os anencéfalos, os descerebrados; crianças que
nascem com parte do tronco cerebral apenas e, por isso, a vida orgânica não
pode avançar.


Olhamos para outro lado deste mesmo mundo e achamos
criaturas que nascem em berço de ouro, ricas, de famílias poderosas, mas elas
próprias marcadas por insidiosas paralisias, lesões cerebrais, com
esquizofrenias, tormentas no campo psicológico, no campo psiquiátrico.


Então ficamos a pensar: Que mundo é este? Um
mundo de provas e expiações.


Desta maneira, temos dois caminhos: ou entendermos
por que é que vivemos neste mundo e por que este mundo tem essas
características ou desarvorarmo-nos ou nós perdermos na revolta.


Este segundo caminho é completamente inábil. Não
nos serve, não nos levará a lugar algum que não seja o enlouquecimento maior.
Resta-nos a primeira possibilidade: tratar de compreender porque nesse mundo se
sofre tanto.


Ora, na medida que entendemos que esse é um mundo
de provações e de expiações fica claro porque todos sofremos, de uma maneira ou
de outra.


Não existe uma só criatura que não tenha as suas
lesões. Pessoas bonitas, bem postas mas, quando conversamos com elas, são dadas
a enxaquecas, têm problemas de coluna, têm crises hepáticas, carregam mil e um
problemas que o rosto não mostra.


Ficamos a pensar nas condições deste mundo. Se é um
mundo onde o mal ainda predomina, nós que estamos aqui ainda carregamos muitas
marcas desse mal que na Terra predomina.


Por que carregamos essas marcas? Porque proviemos
de outras existências onde essas coisas foram realizadas e Cristo afirmou que
não sairíamos daqui até pagarmos o último quadrante, a última moeda, para usar
uma linguagem figurada do mundo.


Por causa disso, vale a pena pensar numa saída para
toda essa gama de sofrimentos, de males, que encontramos ao longo do nosso
planeta.


Fugir deles? Impossível. Para onde quer que vamos,
lá estará o problema, a dificuldade, o acicate da Lei Divina, as Leis naturais
funcionando.


E cada qual de nós precisará se acostumar com essas
ocorrências do planeta Terra, a driblar esse mal que exacerba no nosso mundo e
procurarmos, ao longo dos dias, trabalhar para que a Terra seja mais feliz do
que é hoje.


Quando pensamos nessa gama de sofrimentos do nosso
planeta, muitas vezes ficamos a nos perguntar a respeito do sofrimento dos
bichos, dos animais. Por que é que eles sofrem?


Chegamos a compreender porque é que nós, seres
humanos, sofremos. Nossos erros, nossos delitos, nossos crimes cometidos em
outras existências, em outras experiências aqui no mundo, nesta mesma vida, em
vidas passadas.


Mas e os bichos? Os bichos não erram, eles não
cometem erros. Os animais seguem a Lei do determinismo e, dentro da Lei do
determinismo, eles não erram nunca.


Jamais uma serpente dá o bote em alguém porque não
gostou do rosto, porque não simpatizou com a pessoa. Ela dá o bote para se
defender, porque se sente acuada. Assim fazem todos os demais animais com as
suas defesas.


Quando pensamos no sofrimento dos animais temos que
perceber que, cada ser que sofre neste mundo, tem um objetivo determinado pela
Lei Divina.


Os bichos sofrem não para resgatar os erros
cometidos. É para despertar-lhes os centros psíquicos.


Os animais são princípios espirituais, são
Espíritos em evolução e, certamente, precisam da dor, do sofrimento para se
acostumarem a buscar no planeta os recursos salvadores.


Jamais a Humanidade soube existir veterinários, nas
florestas. No entanto, os animais sofriam e buscavam recursos na floresta.
Sofrem e buscam recursos na floresta.


Naturalmente que tudo isso se deveu a esse processo
evolutivo. A dor, nos irracionais, não tem o mesmo objetivo que a dor no ser
humano.


No ser humano, a dor nos fustiga o lado moral para
que a gente aprenda a perdoar, a ser humilde, a baixar a crista do orgulho.
Mas, nos irracionais não, a dor tem outro sentido. É de fazê-los crescer,
fazê-los progredir.


Olhamos o nosso gato em casa, o nosso cão e, de
repente, eles vão comer grama, comem capim. A gente não sabia o que eles
estavam sentindo. Põem para fora, regurgitam e ficam sãos.


Quem foi que ensinou a esses animais a buscar em a
natureza vegetal o remédio para seus problemas?


Assim se passa com as aves, com as feras, na intimidade
da floresta e, naturalmente, temos que convir que há um caminho importantíssimo
a trilharmos, que é o da compreensão.


Na medida em que sabemos disso, encaramos melhor as
dores do mundo, as dores da Terra, com uma virtude que se chama resignação.


A resignação, de maneira alguma, será acomodação.
Não temos que cruzar os braços porque sofremos ou diante das dores e deixar que
Deus resolva.


Se estamos desempregados, temos que correr atrás do
trabalho. Se estamos enfermos, temos que buscar a medicina, a medicação, o
tratamento. Se temos qualquer problema neste mundo, neste mundo teremos que
resolvê-lo.


Mas a resignação não é sinônimo de acomodação, vale
repetir, a resignação é o olhar que temos para esses fenômenos, é a maneira
como vemos esses fenômenos.


Se não fosse a resignação, entraríamos na rota do
desespero, entraríamos no circuito da desolação porque, quando não
compreendemos porque sofremos, sofremos duas vezes.


A primeira vez pelo sofrimento em si, a segunda vez
pela ignorância a respeito dele.


Por isso, é a Doutrina dos Espíritos que tem, no
seu contexto e nos seus textos, essas explicações, esses recursos para nos
fazer pensar na razão pela qual os seres humanos sofremos e por qual razão os
irracionais sofrem na Terra.


Vale a pena pensar que os animais sofrem por um
sentido: para despertar-lhes a vida psíquica, acordamento dos seus valores
psíquicos enquanto o ser humano sofre para resgatar seus débitos e realizar
aprendizagens no campo moral.


Daí começarmos a perceber como é importante essa
virtude da resignação.


O Evangelho segundo o Espiritismo,
a terceira obra da Codificação da Doutrina Espírita, feita por Allan Kardec nos
explica que, enquanto a obediência corresponde ao consentimento do raciocínio,
da razão, a resignação corresponde ao consentimento do coração. É o nosso
sentimento que nos dá ensejo à resignação.


Ser resignado não é ser paralisado, estagnado,
acomodado, inerme, inerte. Resignado é ter o entendimento da razão das coisas,
o que não nos impede de sofrer, nem de chorar, mas que nos dá a alegria de
saber que estamos dando conta do nosso recado no mundo.


 


                
Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 172, apresentado por Raul
Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em
setembro de 2008. Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 15.11.2009.


Em 31.01.2010.


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