quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
sábado, 22 de dezembro de 2012
Missão do homem inteligente na Terra
Não vos ensoberbais do que sabeis, porquanto esse
sabe tem limites muitos estreitos no mundo em que habitais. Suponhamos sejam
sumidades em inteligência neste planeta; nenhum direito tende de
envaidecer-vos. Se Deus, em seus desígnios, vos fez nascer num meio onde
pudestes desenvolver a vossa inteligência, é que quer a utilizes para o bem de
todos; é uma missão que vos dá, pondo-vos nas mãos o instrumento com que podeis
desenvolver, por vossa vez, as inteligências retardatárias e conduzi-las a ele.
A natureza do instrumento mão está a indicar a que utilização deve prestar-se?
A enxada que o jardineiro entrega a seu ajudante não mostra a este último que
lhe cumpre cavar a terra? Que diríeis, se esse ajudante, em vez de trabalhar,
erguesse a enxada para ferir o seu patrão? Diríeis que é horrível e que ele
merece expulso. Pois bem: não se dá o mesmo com aquele que se serve da sua
inteligência para destruir a lei ideia de Deus e da providência entre os seus
irmãos? Não levanta ele contra o seu senhor a enxada que lhe foi confiada para
arrotear o terreno? Tem ele o direito ao salário prometido? Não merece ser expulso do jardim? Sê-lo-á, não
duvideis, é atravessará existências miseráveis e cheias de humilhações, até que
se curve diante daquele a quem tudo deve...
A inteligência é rica de méritos para o futuro,
mas, sob a condição de ser bem empregada. Se todos os homens que a possuem dela
se servissem de conformidade com a vontade de Deus, fácil seria, para os Espíritos,
a tarefa de fazer a Humanidade avance. Infelizmente, muitos a tornam instrumento
de orgulho e de perdição contra si mesmos. O homem abusa da inteligência como de
todas as suas outras faculdades e, no entanto, não lhe faltam ensinamentos que
advirtam de que uma poderosa mão pode retirar o que lhe concedeu...
Ferdinando, Espírito protetor. (Bordéus. 1862)
O Evangelho Segundo o Espiritismo: Alan Kardec: F.E.B.
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
sábado, 15 de dezembro de 2012
Perturbação da Morte
Toda transformação ocasiona uma
perturbação; uma simples mudança, seja de uma cidade para outra, seja unicamente
de residência, não deixa de causar uma desorganização psíquica que só cessa com
a adaptação ao novo meio.
A personalidade não mudou, nada perdeu,
continua a ser a mesma, mas sofreu a sua desagregação do meio em que se achava
e lutou para se acostumar e poder agir no meio para onde se transferiu.
Naturalmente, nesses trâmites por que
passou a pessoa teve contrariedades e sofreu.
Pensemos agora na transição provocada
pela morte e façamos uma ideia em relação incomparavelmente superior às
insignificantes mudanças - seja de residência, seja de cidade ou de país.
Acrescente-se ainda a desagregação do corpo físico e poder-se-á ter uma idéia
do que seja a perturbação da morte:
1. ° - mudança de meio;
2. ° - mudança de condições de vida;
3. ° - mudança de meio de ação.
Entretanto, apesar de todas essas
mudanças, a individualidade permanece, como permaneceu a mesma individualidade
durante todas as mudanças que fez - de casa em casa; de cidade em cidade; de um
para outro país. O homem é imperecível nas trocas que faz de residência, nas suas
transferências de um país para outro; o Espírito, que é a individualidade
permanente, é imortal na sua transformação e passamento para o Outro Mundo,
tendo unicamente o trabalho de se adaptar a uma vida nova, muito diferente daquela
vivida na Terra e ainda com o acréscimo de não mais possuir um corpo denso,
material, que "não podia" dispensar para agir neste mundo, e lhe
servia de instrumento para desempenhar a tarefa que veio realizar, ou exercício
do cargo que veio desempenhar.
Ora, todos sabem, perfeitamente, como é
difícil abandonar hábitos enraizados, e a morte vem suprimir, de uma hora para
outra, os hábitos costumeiros, dando lugar à aquisição de outros costumes,
visto serem diferentes as condições do meio para o qual somos trasladados. Está
claro que tudo é relativo, e o progresso, em todas as coisas, age
gradativamente, sem saltos bruscos, de modo que, na outra esfera da vida,
teremos um complemento de vida, como meio de transição para um estado melhor,
assim como certamente haverá uma esfera de seguimento à fase física do
indivíduo, para que ele se adapte à Vida Superior sem uma transição brusca.
E isto que nos dizem os Espíritos,
cônscios do seu estado, e que já passaram pelos trâmites que se seguem à morte
e chegaram à Imortalidade.
Por isso, o Mundo Espiritual é provido
de meios que fornecem à vida de além-túmulo as condições indispensáveis para a
transição. Por exemplo, dizem as entidades do Espaço que lá existem hospitais
onde são tratados aqueles que passam por longa enfermidade, e os quais, por
suas condições de atraso, não percebem o Mundo dos Espíritos em sua realidade.
Aí são curados, e, depois, instruídos sobre a nova situação até que se adaptem
ao meio em que se acham.
Os Espíritos dos que morrem quando
crianças são acolhidas carinhosamente por missionários, que se dedicam a essa
tarefa, e são igualmente instruídos até que se lhes desponte a consciência
integral? Desapareça deles o traço infantil gravado na "consciência
pessoal".
Assim também sucede com a alimentação.
Aos entes muito materializados, que chegam ao Mundo Espiritual sem compreenderem
a transformação porque passaram, e têm ainda sensação de fome e sede, lhes são
ministrados alimentos em instalações especiais, até que, adaptados ao meio em
que iniciaram a nova vida, compreendam que não têm mais necessidades desses
alimentos, que julgavam precisos para sua manutenção. Naturalmente, os
alimentos assemelham-se muito aos que lhes eram usuais na Terra, mas são feitos
de matéria peculiar ao Mundo dos Espíritos e de acordo com o corpo fluídico, ou
seja, o organismo perispiritual de cada um.
Não podíamos deixar de narrar todas
essas particularidades do Mundo Espiritual, que não deixam de ser lógica, de
acordo com a lei da evolução, que não admite bruscas transições e que
proporciona, sempre, períodos intermediários para suavizar as mudanças que ocasionam
grande abalo, e maior perturbação ainda ocasionariam, se fossem excluídos os
meios precisos para essas transições.
Isto tudo demonstra que o Mundo
Espiritual não é uma concepção abstrata, uma miragem, um vácuo inconcebível, sem
sanção da inteligência, mas, sim, um meio concreto, onde se encontram as
condições indispensáveis para as adaptações e o progresso do Espírito.
Já havíamos recebido essas revelações
há muitos anos; contudo, tínhamo-las conservado como lição de caráter puramente
familiar, e sujeita, portanto, à observação: é sabido que as revelações da
Verdade têm caráter coletivo; se, de fato, a nossa procedesse dessa fonte,
outros também recebê-la-iam em todo o mundo. Se isso acontecesse, julgaríamos
essas revelações transcendentais realmente dignas de atenção e até de
experimentações novas, com outros médiuns, para sua melhor confirmação.
Com efeito, em diversas obras inglesas,
norte-americanas é francesas, vemos, hoje, a reprodução detalhada dessas mensagens!
O Plano Espiritual desenterra o oculto e concorre para que conheçamos o futuro
que nos espera, assim como nos dá a conhecer, desde já, em que consiste a outra
vida e quais os meios facultados, nessas regiões, aos entes que nos são caros,
para a aquisição de uma felicidade duradoura e de um progresso crescente para a
Luz e a
Verdade.
E, com estes dados, mal apanhados pela
imperfeição dos nossos sentidos, dados fornecidos pelos Espíritos que habitam o
Além e passaram, mais ou menos, por essas peripécias, podemos, hoje, fazer uma ideia
mais aproximada das condições desse Outro Mundo e em que consiste a perturbação
da morte e os meios aplicados para suavizá-la.
Com a leitura das obras espíritas,
especialmente O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, e A Crise da Morte, de
Ernesto
Bozzano, muito se aprende sobre a
perturbação que ocasiona à passagem de uma a outra vida.
www.autoresespiritasclassicos.com
Caibar Schutel: 1932: Livro: A
vida no outro mundo
Willian Turner
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
Advertência aos Médiuns
Allan Kardec afirmou com sabedoria que a mediunidade é "apenas uma aptidão
para servir de instrumento mais ou menos dúctil aos Espíritos em geral.” (1).
Por essa e outras razões, os médiuns não se podem vangloriar de haverem
sido eleitos como missionários da Nova Era deixando-se sucumbir aos tormentos
da fascinação sutil ou extravagante.
A atividade mediúnica, por isso mesmo, constitui oportunidade abençoada
para o aperfeiçoamento intelecto-moral do indivíduo, que se permitiu dislates
em reencarnações anteriores, comprometendo-se em lamentáveis situações
espirituais.
A mediunidade é, portanto, um ensejo especial para a auto recuperação,
devendo ser utilizada de maneira dignificante, em cujo ministério de amor e de
caridade será encontrada a diretriz de segurança para o reequilíbrio.
Quando se trata de mediunidade ostensiva, com mais gravidade devem ser
assumidos os deveres que lhe dizem respeito, porquanto maior se apresenta a
área de serviço a ser desenvolvido.
Em qualquer tipo de realização nobilitante sempre se enfrentam desafios
e lutas, em face do estágio evolutivo em que se encontram os seres humanos e o
planeta terrestre. É natural que haja alguma indiferença pelo que é bom e elevado,
quando não se apresentam hostilidades em trabalho impeditivo da sua divulgação.
Sendo a mediunidade um recurso que possibilita o intercâmbio entre o
mundo físico e o espiritual, as mentes desprevenidas ou ainda arraigadas na
perversidade tudo investem para impedir que o fenômeno ocorra de maneira
saudável, proporcionando, assim, os meios para restabelecer-se a ordem moral e
confirmar-se a imortalidade do ser, propondo-lhe equilíbrio e venturas no
porvir.
Não são poucos os obstáculos a serem transpostos por todo aquele que se
candidata ao relevante labor mediúnico. Os primeiros encontram-se no seu mundo
íntimo, nos hábitos doentios a que se acostumou no pretérito, quando permaneceu
distanciado dos deveres morais, criando problemas para o próximo, que resultaram
em inquietações para si mesmo. A luta a ser travada, para a superação do
desafio, ninguém vê, exceto aquele que está empenhado no combate em favor da
autolibertação, impondo-se a necessidade de rigorosas disciplinas que possam
proporcionar-lhe novas condutas saudáveis, capazes de facilitar-lhe a execução
das tarefas espirituais sob a responsabilidade e comando dos Mensageiros do
Senhor.
O estudo consciente da faculdade mediúnica e a vivência dos requisitos
morais são, a seguir, outro grande desafio, por imporem condições de humildade
no desempenho das tarefas, tomando sempre para si as informações e advertências
que lhe chegam do Mais Além, ao invés de transferi-las para os outros.
O médium sincero, mais do que outro lidador laborioso em qualquer área
de ação, encontra-se em constante perigo, necessitando aplicar a vigilância e a
oração com frequência, de modo a manter-se em paz ante o cerco das Entidades
ociosas e vingadoras da erraticidade inferior. Isto porque, comprazendo-se na
prática do mal, a que se dedicam, as mesmas transformam-se em inimigos
gratuitos de todos aqueles que lhes parecem ameaçar a situação em que se
encontram.
Por isso mesmo, a prática mediúnica reveste-se de seriedade e de entrega
pessoal, não dando espaço para o estrelismo, as competições doentias e as
tirânicas atitudes de agressão a quem quer que seja...
Devendo ser passivo o médium, a fim de bem captar o pensamento que verte
das Esferas superiores, o seu comportamento há de caracterizar-se pela
jovialidade, pela compreensão das dificuldades alheias, pela compaixão em favor
de tudo e de todos que encontre pelo caminho.
As rivalidades entre médiuns, que sempre existiram e continuam, defluem
da inferioridade moral dos mesmos, porque a condição mais relevante a ser
adquirida é a de servidor incansável, convidado ao trabalho na Seara por Aquele
que é o Senhor.
Examinar com cuidado as comunicações de que se faz portador, evitando a
divulgação insensata, de temas geradores de polêmica, a pretexto de revelações
retumbantes, e defendê-los, constitui inadvertência e presunção, por
considerar-se como o vaso escolhido para as informações de alto coturno,
que o mundo espiritual libera somente quando isso se faz necessário. Jamais
esquecer, quando incluído nessa categoria, que o caráter da universalidade
do ensino, conforme estabelecer o mestre de Lyon é fundamental para
demonstrar a qualidade e a origem do ensinamento, se pertencente a um Espírito
ou se, em chegando o momento da sua divulgação entre as criaturas humanas,
procede da Espiritualidade superior.
Quando se sente inspirado a adotar comportamentos esdrúxulos,
informações fantasiosas e de difícil confirmação, materializando o mundo
espiritual como se fosse uma cópia do terrestre e não ao contrário, certamente
está a desserviço do Bem e da divulgação do Espiritismo.
O verdadeiro médium espírita é discreto, como corresponde em relação a
todo cidadão digno, evitando, quanto possível, o empenho em impor as revelações
de que se diz instrumento.
De igual maneira, quando o médium passa a defender-se, a criticar os
outros, a autopromover-se demais, encontra-se enfermo espiritualmente, a
caminho de lamentável transtorno obsessivo ou emocional.
A sua sensibilidade é considerada não apenas pelo fato de receber os
Espíritos superiores, mas pela facilidade de comunicar-se com todos os
Espíritos, conforme acentua o insigne Codificador.
Assim deve considerar, porque a mediunidade é, em si mesma, neutra,
podendo ser encontrada em todos os tipos humanos, razão pela qual não se trata
de uma faculdade espírita, porém, humana, que sempre existiu em todas as épocas
da sociedade, desde os tempos mais remotos até os atuais.
No trabalho silencioso e discreto do atendimento aos sofredores, seja no
seu cotidiano em relação aos companheiros da romagem carnal, seja nas
abençoadas reuniões de atendimento aos desencarnados em agonia, assim como
àqueles que se rebelaram contra as Leis da Vida, encontrará o medianeiro
sincero inspiração e apoio para a desincumbência da tarefa que abraça.
Dedicando-se ao labor da caridade sem jaça, granjeia o afeto dos
Espíritos elevados, que passam a protegê-lo sem alarde e a inspirá-lo nos
momentos de dificuldades e de sofrimentos, consolando-o nos testemunhos e na
solidão que, não raro, dominam-lhe as paisagens íntimas. Consciente da responsabilidade
que lhe diz respeito, não se preocupa com as louvaminhas e os aplausos da
leviandade, em agradar os poderosos e os insensatos que o buscam, por
compreender que está a serviço da Verdade, que, infelizmente, ainda, como no
passado, não existe lugar para a sua instalação. Dessa forma, mantém-se fiel à
sua implantação interna, vivendo-a de maneira jovial e enriquecedora, dando
mostras de que o Reino de Deus instala-se a princípio no coração,
de onde se expande para o mundo transcendente.
Tem cuidado na maneira pela qual exterioriza as informações recebidas,
dando-lhes sempre o tom de naturalidade e de equilíbrio, evitando o
deslumbramento que a ignorância em torno da sua faculdade sempre reveste com
brilho falso os seus portadores.
Jamais se deve permitir a presunção, acreditando-se irretocável,
herdeiro da memória e dos valores dos missionários do passado próximo ou
remoto, tendo em Jesus Cristo, e não em pessoa alguma, o seu guia e modelo.
Despersonalizar-se para que nele se reflita a figura incomparável do
Mestre de Nazaré, eis uma das metas a conquistar, recordando-se de João
Batista, que informou sobre a necessidade de diminuir-se para que Ele
crescesse, considerando-se indigno de atar as amarras das Suas sandálias...
A mediunidade é instrumento que se pode transformar em vínculo de luz
entre a Terra e o Céu, ou furna de perturbação e sofrimento onde se homiziam os
invigilantes e desalmados, em conflitos e pugnas contínuas.
A faculdade, em si mesma, é portadora de grande potencialidade para proporcionar
a felicidade, quando o indivíduo que a aplica no Bem procura servir com bondade
e alegria, evitando a disputa das glórias mentirosas do mundo físico, assim
como os desvios de conduta responsáveis pelas quedas morais da sua aplicação
indevida.
As trombetas do mundo espiritual ressoam hoje, como em todos os tempos,
nas consciências alertas, convocando os corações afetuosos para o grande
empreendimento de iluminação de vidas e de sublimação de sentimentos, atenuando
as dores expressivas deste momento de transição de mundo de provas e
expiações para mundo de regeneração.
Aos médiuns dignos e sinceros cabe a grande tarefa de preparar o advento
da Era Nova, conforme o fizeram aqueles que se tornaram instrumento das
mensagens libertadoras que foram catalogadas por Allan Kardec, nos seus dias,
elaborando a Codificação Espírita, e que se mantêm atuais ainda hoje,
prosseguindo certamente pelos dias do futuro.
Que os médiuns, pois, se desincumbam do compromisso e não da missão,
como alguns levianamente a interpretam, gerando simpatia e solidariedade,
unindo as pessoas numa grande família, que a constituem, e sustentando lhes a
sede e a fome de luz e de paz, de esperança e de amor, como somente sabem fazer
os Guias da Humanidade a serviço de Jesus.
(1) O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XXIV. Item 12.
Franco, Divaldo Pereira. Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. Página psicografada por Divaldo Pereira Franco, na tarde de 16 de abril de 2009, na Mansão do Caminho, em Salvador, Bahia. http://www.divaldofranco.com/mensagens.php?not=117.
Franco, Divaldo Pereira. Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. Página psicografada por Divaldo Pereira Franco, na tarde de 16 de abril de 2009, na Mansão do Caminho, em Salvador, Bahia. http://www.divaldofranco.com/mensagens.php?not=117.
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Universo
Foi, portanto, o Sol, o último sobrevivente do seu
sistema, o último beneficiado do fogo vital. E, contudo, também ele se
extinguiu... Depois de haver derramado sobre a família celeste, por tanto
tempo, os raios da sua luz vivificante, viu aumentarem sê-lhe as manchas, em
número e extensão, falecer lhe a fotosfera, sombrear-se, coagular-se a
superfície outrora fulgurante. Uma bola enorme, vermelha, substituiu no espaço
o foco esplendente dos mundos desaparecidos.
Também
para ele chegou o último termo, soou a última hora no eterno relógio dos
destinos, hora em que todo o sistema solar houvera de ser riscado do livro da
vida.
Sucessivamente, todas as estrelas que representam um sol, todos os
sistemas solares, todos os mundos, tiveram a mesma sorte...
Apesar
disso, tal como hoje, o Universo continuou a existir. A ciência matemática nos
diz: “Parece que o sistema solar não possui atualmente mais que a centésima quinquagésima
parte da energia transformável, que possuía no estado de nebulosa”. Se bem
que este remanescente constitua ainda uma provisão cuja enormidade nos
confunde, ele terá também o seu total esgotamento. Mais tarde, a transformação
se operará em todo o Universo e acabará estabelecendo um equilíbrio geral de
pressão e de temperatura.
Daí por
diante, a energia não mais será suscetível de transformar-se. “Não será a
imobilidade absoluta, visto que a mesma soma de energia há de existir sempre
sob a forma de movimentos atômicos, e sim, a ausência de todo o movimento
sensível, de toda a diferença e de toda a tendência, isto é, a morte
definitiva”.
Eis o
que diz a matemática contemporânea.
A
observação atesta, de fato, que, de um lado, a quantidade de matéria permanece
constante, e, de outro lado, o mesmo se dá com a força ou energia, através de
todas as transformações e posições dos corpos; mas, que o Universo tende para
um estado de equilíbrio, consequente à uniformidade do calor repartido. O calor
solar, como o de todos os astros, parece devido à transformação dos movimentos
iniciais, aos choques moleculares, e o calor atual, difunde-se constantemente
no espaço, isso até que todos os astros sejam resfriados à temperatura do
próprio espaço. Se considerarmos idôneas as nossas atuais ciências quais a
física, a mecânica, as matemáticas; e admitindo a constância das leis que hoje
regem a natureza e o raciocínio humano, outro não poderá ser o destino do
Universo.
Longe de
ser eterna, esta Terra que habitamos teve o seu princípio. Na eternidade, cem
milhões, um bilhão de anos, ou de séculos, são como um dia. A eternidade
precede e sucede, a lonjura aparente se desvanece para reduzir-se a um ponto. O
estudo científico da natureza e o conhecimento de suas leis nos levam, pois, à
questão outrora posta pelos teólogos, chamem-se eles Zoroastro, Platão,
Agostinho, Tomás de Aquino, ou qualquer bisonho seminarista tonsurado de
véspera, a saber: “Que fazia Deus antes de criar o mundo? E findo o mundo,
que fará Deus?” Ou então, sob uma forma menos antropomórfica, de vez que
Deus é incognoscível: - “Qual seria o estado do Universo antes da ordem de
coisas atual, e que será depois?”.
A
questão é a mesma, quer se admita um Deus pessoal, pensando e agindo preconcebida
mente, quer se negue a existência de qualquer princípio espiritual, para só
admitir a de átomos e forças indestrutíveis representando uma quantidade de
energia invariável, não menos indestrutível.
No
primeiro caso, porque Deus, potência eterna, incriada, teria ficado inativo,
ou, tendo ficado inativo, satisfeito com a sua absoluta imensidade sem mais
necessitar crescê-la, haveria de mudar esse estado criando a matéria e as
forças? O teólogo poderá responder: “porque
assim lhe aprouve fazer...” Mas, o filósofo não se conformaria com essa
variabilidade do pensamento divino.
No
segundo caso, pois que a origem da atual ordem de coisas apenas remonta a certa
data e não há efeito sem causa, temos o direito de perguntar qual o estado
anterior à formação do universo atual.
Ninguém
poderá contestar que, posto seja a energia indestrutível, há uma tendência
universal para a sua dissipação, que deve culminar em repouso e morte universal.
É um raciocínio matemático, impecável. E, contudo, nós não o admitimos... Porquê?
Porque o
Universo não é uma quantidade finita.
É
impossível conceber um limite à extensão da matéria.
Temos
diante de nós, através de um espaço ilimitado, a fonte contínua da
transformação de energia potencial em movimento sensível e, daí, em calor e
noutras forças; e não um simples mecanismo finito, a trabalhar como um relógio,
que pudesse parar um dia para sempre.
O futuro
do Universo é o seu passado. Se ele devesse finalizar um dia, há muito teria
acabado e nós aqui não estaríamos a estudar este problema.
É por
serem finitas as nossas concepções que não podemos assinalar princípio nem fim,
às coisas. Não concebemos mais que uma série, absolutamente interminável, de
transformações existentes no passado, em trânsito para o futuro; ou, ainda,
séries igualmente infindáveis de combinações materiais podendo encadear-se de
planetas em sóis, de sóis em sistemas solares, destes em vias-lácteas, em
universos estelares, etc., etc. O panorama celeste aí está, contudo, a
demonstrar-nos o infinito. Não compreendemos; maiormente a infinidade do espaço
e do tempo, menos ainda qualquer limitação de espaço e tempo, de vez que o
pensamento os ultrapassa e continua a vê-los. Caminháramos sempre, em qualquer
direção, sem jamais topar um fim. Podemos de igual modo, imaginar uma ordem de
sucessão nas coisas futuras.
Falando
do absoluto, não é espaço e tempo o que nos deve preocupar, sem dúvida, mas o
infinito e a eternidade, no seio dos quais toda a medida, por mais extensa que
seja, se reduz a um ponto. Nós não concebemos, não compreendemos o infinito, no
espaço ou na duração, mas a nossa incapacidade de compreensão nada prova contra
o absoluto.
Confessando nada compreender, sentimos que ele, esse infinito, nos
envolve, e que o espaço limitado por uma parede ou barreira qualquer é de si
mesmo uma ideia absurda, tal como a de que pudéramos admitir, em dado momento
da eternidade, a possível existência de um sistema de mundos cujos movimentos
medissem o tempo sem o criar. Será que sejam os relógios quem cria o tempo?
Ninguém
o dirá, senão que eles apenas o medem. Nossas medidas de tempo e espaço se
desvanecem diante do absoluto. Mas o absoluto permanece.
O fato é
que vivemos no infinito, sem disso duvidarmos. A mão que sustém esta pena
compõe-se de elementos indestrutíveis, eternos; e os átomos que a integram já
existiam na nebulosa que originou o nosso planeta, e continuarão existindo por
todos os séculos dos séculos. Nosso peito respira e o cérebro pensa com os
materiais e as forças já operantes há milhões de anos, e que hão de operar, sem
fim. E o minúsculo globo que habitamos está no fundo do infinito - não no
centro de um universo limitado - no fundo do infinito, tanto quanto a mais
longínqua estrela acessível às nossas lentes telescópicas.
A melhor
definição do Universo que até agora nos foi dada, é ainda a de Pascal, à qual
nada haveria que acrescentar, a saber: é uma esfera cujo centro está em toda
parte e cuja circunferência não está em parte alguma.
É este infinito que
assegura a eternidade do Universo. Estrelas após estrelas, sistemas sobre
sistemas, universos sucedendo-se a universos, aos milhares, aos milhões,
infindos em todos os rumos e direções. Não habitamos um centro inexistente e, tal como a mais longínqua
estrela a que aludimos, a Terra jaz no fundo do infinito. Voemos no espaço
infindo, em pensamento e com a velocidade do pensamento, por meses, anos,
séculos, milênios, nem nos aproximaremos de uma fronteira. Haveremos de ficar
no vestíbulo desse infinito escancarado à nossa face...
Infinitos no tempo? Vivamos em pensamento para além das idades futuras,
juntemos séculos a séculos, períodos seculares a períodos seculares e jamais
atingiremos o fim. Haveremos de ficar no vestíbulo dessa Eternidade desdobrada
diante de nós...
Em nossa
pequena esfera de observação terrestre, constatamos que, através de todas as
mudanças de aspecto da matéria e do movimento, o quantum de uma e outro continua sendo o mesmo, sob outras formas.
Matéria e Força se transformam, mas a quantidade de massa e de potência
subsiste.
Os seres
vivos nos dão este exemplo perpétuo: nascem, crescem, assimilando substâncias
tomadas ao ambiente exterior, e, quando morrem, se desagregam e restituem à
Natureza todos os elementos que lhes integraram o corpo.
Uma lei
constante reconstitui perpetuamente outros corpos com esses mesmos elementos.
Todo astro é comparável a um ser organizado, mesmo no concernente ao seu calor
interno. O corpo vive enquanto funcionam os seus diversos órgãos, acionados
pelos movimentos da respiração e da circulação. Quando sobrevêm o equilíbrio e
o estacionamento, verifica-se a morte; mas, depois da morte, todas as
substâncias que formavam o corpo vão reconstituir outros seres. A dissolução é,
assim, o prelúdio do renovamento e formação doutros seres. A analogia leva-nos
a crer que a mesma coisa se verifica no sistema cósmico. Nada pode ser
destruído.
O que subsiste invariável
em quantidade, mas sempre mudando de forma sob as aparências sensíveis que o
Universo nos apresenta, é uma Potência imensurável, que somos obrigados a
reconhecer ilimitada no espaço, e sem começo nem fim, no tempo.
Eis
porque sempre haverá sóis e mundos, que não serão os nossos sóis e mundos
atuais; que serão outros, mas,
sucessivos sempre, por toda a eternidade.
E este
universo visível não deve representar para o nosso espírito mais que as aparências variáveis e mutáveis da Realidade absoluta e eterna, constituída
pelo universo invisível.
Foi em
virtude dessa lei transcendente, que, muito tempo depois da morte da Terra, dos
planetas gigantes e do próprio astro central - enquanto ele, o nosso velho Sol
enegrecido vogava sempre, na imensidade ilimitada, levando consigo os cadáveres
de mundos em que as humanidades terrestres e planetárias haviam mourejado
outrora - outro sol extinto, vindo das profundezas do infinito, o encontrou
quase de face e o deteve!
Então,
dentro da noite sideral profunda, essas duas bolas formidáveis engendraram, num
repente, por força do choque prodigioso, um fogo celeste imenso, uma vasta
nebulosa a oscilar, primeiramente qual flama louca, a mergulhar depois nos
abismos celestes, insondáveis. Sua temperatura poder-se-ia estimar em milhões
de graus. Tudo o que fora terra, água, ar, mineral, planta, homem, aqui na Terra;
tudo o que fora carne, olhos, corações palpitantes de amor, belezas
empolgantes, cérebros pensantes, mãos operosas; vencedores ou vencidos,
carrascos e vítimas, átomos e almas não desprendidas da matéria, tudo se
reduzira a fogo. E assim os mundos de Marte, Vênus, Júpiter, Saturno e a
restante confraria. Era a ressurreição da natureza visível, enquanto que as
almas que tinham adquirido a imortalidade continuavam a viver eternamente nas
hierarquias do universo psíquico, invisível.
A
consciência de todos os seres humanos que tinham vivido na Terra, graduara-se
no ideal; os seres haviam progredido por suas transmigrações através dos mundos
e todos reviviam em Deus, desprendidos das gangas materiais, planando na luz
eterna e progredindo sempre.
O universo
aparente, o mundo visível, é o cadinho no qual se elabora, incessantemente, o
mundo psíquico, único real e definitivo.
O
espantoso choque dos dois sóis extintos criou uma nebulosa imensa, que absorveu
todos os velhos mundos reduzidos a vapor e que, soberba, gigantesca, flutuando
no espaço infinito, começou a girar sobre si mesma. Nas zonas de condensação
dessa nebulosa primordial começaram, então, a nascer novos globos, tal como se
deu outrora, nos primórdios da Terra.
E foi,
assim, um recomeço do mundo, uma gênese que futuros Moisés e Laplaces haveriam
de recordar.
E a
criação prosseguiu nova, diversa, não terrestre, marciana, saturnina, solar,
mas, sim, extraterrena, sobre-humana, inextinguível.
E houve
outras humanidades, outras civilizações, outras vaidades, outras Babilônias,
Tebas, Atenas, Romas; outros palácios, templos, monumentos; outras glórias e
outros amores. Mas, tudo isso nada tinha da Terra, cujas efígies se esvaneceram
como sombras espectrais.
E esses
universos também passaram, por sua vez. Outros lhes sucederam. A certa época,
perdida na eternidade dos tempos, todas as estrelas da via - láctea se
precipitaram para um centro comum de gravidade, constituindo um imenso,
formidável sol - centro de um sistema cujos mundos gigantescos se povoaram de
seres organizados, em temperatura incandescente para nós, e cujos sentidos,
vibrando sob outras irradiações, com outra física e outra química, lhes mostraram
o Universo sob aspectos irreconhecíveis aos nossos olhos...
Para
outras criações, outros seres e outros pensamentos.
E
sempre, sempre o espaço infinito permaneceu repleto de mundos e de estrelas, de
almas e de sóis. Nem nunca deixou de haver eternidade visto que ela não comporta começo nem fim:
Camille Flammarion -
A
maior “caridade que podemos fazer pela Doutrina Espírita é a sua divulgação”:
Emmanuel: Chico Xavier
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