sábado, 15 de dezembro de 2012

Perturbação da Morte






Toda transformação ocasiona uma perturbação; uma simples mudança, seja de uma cidade para outra, seja unicamente de residência, não deixa de causar uma desorganização psíquica que só cessa com a adaptação ao novo meio.
A personalidade não mudou, nada perdeu, continua a ser a mesma, mas sofreu a sua desagregação do meio em que se achava e lutou para se acostumar e poder agir no meio para onde se transferiu.
Naturalmente, nesses trâmites por que passou a pessoa teve contrariedades e sofreu.
Pensemos agora na transição provocada pela morte e façamos uma ideia em relação incomparavelmente superior às insignificantes mudanças - seja de residência, seja de cidade ou de país. Acrescente-se ainda a desagregação do corpo físico e poder-se-á ter uma idéia do que seja a perturbação da morte:
1. ° - mudança de meio;
2. ° - mudança de condições de vida;
3. ° - mudança de meio de ação.
Entretanto, apesar de todas essas mudanças, a individualidade permanece, como permaneceu a mesma individualidade durante todas as mudanças que fez - de casa em casa; de cidade em cidade; de um para outro país. O homem é imperecível nas trocas que faz de residência, nas suas transferências de um país para outro; o Espírito, que é a individualidade permanente, é imortal na sua transformação e passamento para o Outro Mundo, tendo unicamente o trabalho de se adaptar a uma vida nova, muito diferente daquela vivida na Terra e ainda com o acréscimo de não mais possuir um corpo denso, material, que "não podia" dispensar para agir neste mundo, e lhe servia de instrumento para desempenhar a tarefa que veio realizar, ou exercício do cargo que veio desempenhar.
Ora, todos sabem, perfeitamente, como é difícil abandonar hábitos enraizados, e a morte vem suprimir, de uma hora para outra, os hábitos costumeiros, dando lugar à aquisição de outros costumes, visto serem diferentes as condições do meio para o qual somos trasladados. Está claro que tudo é relativo, e o progresso, em todas as coisas, age gradativamente, sem saltos bruscos, de modo que, na outra esfera da vida, teremos um complemento de vida, como meio de transição para um estado melhor, assim como certamente haverá uma esfera de seguimento à fase física do indivíduo, para que ele se adapte à Vida Superior sem uma transição brusca.
E isto que nos dizem os Espíritos, cônscios do seu estado, e que já passaram pelos trâmites que se seguem à morte e chegaram à Imortalidade.
Por isso, o Mundo Espiritual é provido de meios que fornecem à vida de além-túmulo as condições indispensáveis para a transição. Por exemplo, dizem as entidades do Espaço que lá existem hospitais onde são tratados aqueles que passam por longa enfermidade, e os quais, por suas condições de atraso, não percebem o Mundo dos Espíritos em sua realidade. Aí são curados, e, depois, instruídos sobre a nova situação até que se adaptem ao meio em que se acham.
Os Espíritos dos que morrem quando crianças são acolhidas carinhosamente por missionários, que se dedicam a essa tarefa, e são igualmente instruídos até que se lhes desponte a consciência integral? Desapareça deles o traço infantil gravado na "consciência pessoal".
Assim também sucede com a alimentação. Aos entes muito materializados, que chegam ao Mundo Espiritual sem compreenderem a transformação porque passaram, e têm ainda sensação de fome e sede, lhes são ministrados alimentos em instalações especiais, até que, adaptados ao meio em que iniciaram a nova vida, compreendam que não têm mais necessidades desses alimentos, que julgavam precisos para sua manutenção. Naturalmente, os alimentos assemelham-se muito aos que lhes eram usuais na Terra, mas são feitos de matéria peculiar ao Mundo dos Espíritos e de acordo com o corpo fluídico, ou seja, o organismo perispiritual de cada um.
Não podíamos deixar de narrar todas essas particularidades do Mundo Espiritual, que não deixam de ser lógica, de acordo com a lei da evolução, que não admite bruscas transições e que proporciona, sempre, períodos intermediários para suavizar as mudanças que ocasionam grande abalo, e maior perturbação ainda ocasionariam, se fossem excluídos os meios precisos para essas transições.
Isto tudo demonstra que o Mundo Espiritual não é uma concepção abstrata, uma miragem, um vácuo inconcebível, sem sanção da inteligência, mas, sim, um meio concreto, onde se encontram as condições indispensáveis para as adaptações e o progresso do Espírito.
Já havíamos recebido essas revelações há muitos anos; contudo, tínhamo-las conservado como lição de caráter puramente familiar, e sujeita, portanto, à observação: é sabido que as revelações da Verdade têm caráter coletivo; se, de fato, a nossa procedesse dessa fonte, outros também recebê-la-iam em todo o mundo. Se isso acontecesse, julgaríamos essas revelações transcendentais realmente dignas de atenção e até de experimentações novas, com outros médiuns, para sua melhor confirmação.
Com efeito, em diversas obras inglesas, norte-americanas é francesas, vemos, hoje, a reprodução detalhada dessas mensagens! O Plano Espiritual desenterra o oculto e concorre para que conheçamos o futuro que nos espera, assim como nos dá a conhecer, desde já, em que consiste a outra vida e quais os meios facultados, nessas regiões, aos entes que nos são caros, para a aquisição de uma felicidade duradoura e de um progresso crescente para a Luz e a
Verdade.
E, com estes dados, mal apanhados pela imperfeição dos nossos sentidos, dados fornecidos pelos Espíritos que habitam o Além e passaram, mais ou menos, por essas peripécias, podemos, hoje, fazer uma ideia mais aproximada das condições desse Outro Mundo e em que consiste a perturbação da morte e os meios aplicados para suavizá-la.
Com a leitura das obras espíritas, especialmente O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, e A Crise da Morte, de Ernesto
Bozzano, muito se aprende sobre a perturbação que ocasiona à passagem de uma a outra vida.
www.autoresespiritasclassicos.com
  Caibar Schutel: 1932: Livro: A vida no outro mundo
Willian Turner           

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