sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A virtude

                                            



A virtude, no mais alto grau, é o conjunto de todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem. Ser bom, caritativo, laborioso, sóbrio, modesto, é qualidades do homem virtuoso. Infelizmente, quase sempre as acompanham pequenas enfermidades morais que as desonram e atenuam. Não é virtuoso aquele que faz ostentação da sua virtude, verdadeiramente digna desse nome, não gosta de estadear-se. Adivinham-na; ela, porém, se oculta na obscuridade e foge á admiração das massas. S. Vicente de Paulo era virtuoso; eram virtuosos o Digno cura d´Ars e muitos outros desconhecidos do mundo, mas conhecidos de Deus. Todos esses homens de bem ignoravam que fossem virtuosos; deixavam-se ir ao sabor de suas santas inspirações e praticavam o bem com desinteresse completo e inteiro esquecimento de si mesmos.
A virtude assim compreendida e praticada é que vos convido meus filhos; a essa virtude verdadeiramente cristã e verdadeiramente espírita é que vos concito a consagrar-vos. Afastai, porém, de vossos corações tudo o que seja orgulho, vaidade, amor próprio, que desadornam as mais belas qualidades. Não imiteis o homem que se apresenta como modelo e trombeteia, ele próprio, suas qualidades.  A virtude que assim se ostenta muitas vezes uma imensidade de pequenas torpezas e de odiosas covardias.
Em princípio, o homem que se exalta que ergue uma estátua á sua própria virtude, anula, por esse simples fato, todo mérito real que possa ter Entretanto, que direi daquele cujo único valor consiste em parecer o que não é? Admito de boa mente que o homem que pratica o bem experimenta uma satisfação íntima em seu coração; mas, desde que tal satisfação se exterioze, para colher elogios degenera em amor próprio.
Ó vós todos os quem a fé espírita aqueceu com seus raios, e que sabeis quão longe da perfeição está o homem, jamais esbarreis em semelhante escolho. A virtude é uma graça que desejo a todos os espíritas sinceros. Contudo, dir-lhes-ei: Mais vale pouca virtude com modéstia, do que muita com orgulho. Pelo orgulho é que as Humanidades sucessivamente se hão perdido; pela humildade é que um dia elas se hão redimir:
François Nicolas Madeleine (Paris, 1863) cap.XVII
Evangelho Segundo Espiritismo: Alan Kardec

Nenhum comentário:

Postar um comentário