terça-feira, 14 de agosto de 2012

COMO ACABARÁ O MUNDO?





 Apresentação do Site:

O Site vem Homenagear este Grande Paladino do Espiritismo mostrando a sua faceta do grande Astrônomo e do grande Cientista. Trazendo uma obra rara de 1897 sobre questões de Astronomia. E que ainda suas teses são aceitas na Comunidade Científica.



Camille Flammarion

O Explorador e Revelador dos Céus

Nascido em Montigny- Le-Roy, França, no dia 26 de fevereiro de 1842, e desencarnado em Juvisy no mesmo país, a 4 de junho de 1925.

Flammarion foi um homem cujas obras encheram de luzes o século XIX. Ele era o mais velho de uma família de quatro filhos, entretanto, desde muito jovem se revelaram nele qualidades excepcionais. Queixava- se constantemente que o tempo não lhe deixava fazer um décimo daquilo que planejava. Aos quatro anos de idade já sabia ler, aos quatro e meio sabia escrever e aos cinco já dominava rudimentos de gramática e aritmética.







Introdução

Pode desde já se anunciar o fim do mundo com tanta segurança como se este acontecimento se realizasse na atualidade, perante os nossos olhos. E não falamos somente do fim do mundo que nós habitamos, da ruína da humanidade terrestre com todas as suas obras, mas também do fim de todos os mundos do nosso sistema celeste e do próprio Sol, fonte da luz e da vida, do movimento e do calor.
Um dia virá em que esse Sol brilhante se a de apagar; em que a vida terrestre dormira o sono eterno; em que o nosso globo, escuro e gelado, cemitério silencioso e solitário, girará na noite estrelada em torno do seu antigo Sol, convertido em astro invisível; em que todos os planetas darão voltas como se fossem imensas esferas negras em redor de outra esfera também negra.
Então, todas as grandezas humanas, tudo o que faz agora palpitar os corações e excitar o entusiasmo dos mortais, o amor, a gloria, a investigação da verdade, o sentimento religioso, o culto da pátria, a fortuna, todas as vaidades, tudo, enfim, terá desaparecido da terra, fria e escura.
A sensação de viver é agradável, e basta, ás vezes, para nos permitir dominar as provas mais cruéis do infortúnio. Deixar de viver parece-nos a mais sombria das perspectivas, e nenhum ser que pense pode encará-lo de frente sem sentir um vácuo profundo, experimentando a vertigem do abismo e do nada. E, no entanto, todos os dias, quando dormimos, deixamos de viver. Perdemos a noção do mundo exterior e a consciência de nós mesmos, e essa deliciosa sensação de viver, tão doce e querida para nós, desaparece com o sono, mas, quando a ele nos entregamos, é contando com o despertar...
Quando o nosso planeta adormeça, quando a humanidade feche os olhos, será para sempre essa noite não será seguida de uma aurora.
Como e quando chegará o fim do nosso mundo?
Tal e a questão.

I


A Terra, semelhantemente a todos nós, pode morrer de acidente, de enfermidade ou de velhice.
Tudo sucede no infinito sideral.
O dever do pensador é estudar as causas, tentar um diagnóstico  baseado na análise completa das condições da vida terrestre e concluir segundo o cálculo das probabilidades.
Ponhamos, pois, os conhecimentos científicos atuais ao serviço da nossa imaginação, para passar em revista os diversos destinos que a natureza pode reservar ao planeta que habitamos.
Pode, sem dúvida, suceder que, depois de termos julgados comparar todas as causas de morte e de nos havermos decidido pela mais provável, tenhamos pensado em tudo, menos no que realmente sucederá o caso idêntico ao do médico que vai pedir noticias de um doente em convalescença, e que, ao saber da sua morte, declara que ele morreu curado. Mas não podemos proceder de outro modo? Teremos a pretensão de adivinhar tudo? Isso seria incorrer em notória necessidade. Por outro lado, o estarmos certos da insuficiência do nosso saber, é uma razão para que renunciemos a procurar e para que apoiemos tranqüilamente a cabeça na almofada da indiferença? Esta é, contudo, a opinião de muitos homens sérios da nossa época, que se julgam excessivamente inteligentes.
Restam, no entanto, curiosos, e não poucos. Nós somos desse número, e por isso propomos o problema, ainda que mais não seja pelo prazer de discutir.
Sim: como morrerá a Terra? E, antes de tudo, morrerá ela?
A Terra é nova, muito nova. A sua humanidade não tem ainda a idade da razão. Esta raça, que se sente destinada a converter-se um dia em raciocinada, não é ainda mais do que raciocinadora, e apenas isso. A primeira educação que dá a seus filhos é que se fuzilem mutuamente, entre musicas. O emprego que dá aos seus recursos é distraí-los de todo o trabalho positivo para os aplicar á destruição da própria humanidade. Os princípios mais avançados do progresso social consistem em afirmar que os homens são iguais e que Ravachol e Caserio valem tanto como Newton e Vicente de Paula. E para provar que tem razão, os que tal afirmam, nada encontraram ainda melhor nem mais eloqüente do que um sôco. Os habitantes de Marte não tem, sem dúvida, semelhantes idéias. Oh! sim, a nossa humanidade é muito nova ainda: um garoto de quatro anos, mal educado, de um arrabalde de sistema solar. E que arrabalde! Mas, enfim, a humanidade, por causa da sua extrema juventude, não pede mais que viver, sabe que crescerá, e, adornada com a sua espessa e inculta cabeleira encaracolada, não pensa em que um dia terá os seus cabelos brancos e esquecerá os entretenimentos ferozes e uma idade irresponsável e impiedosa, depois de haver vivido séculos e séculos na gloria das obras intelectuais, e que depois de ter percorrido o longo ciclo dos seus destinos, descerá lentamente os degraus do seu tumulo.
Não tem cem mil anos e pode viver muito milhões deles, como vamos ver. Mas poderá também morrer de acidente ...
Sob o ponto de vista astronômico, apenas, o nosso planeta está exposto a mais de um perigo. A crença que nasce neste mundo para se transformar em homem ou mulher, pode ser comparada com um individuo colocado á entrada de uma rua estreita, uma dessas ruas pitoresca do século XVI, flanqueadas de casas, em cada uma de cuja janela estivesse um bom caçador armado de uma magnífica espingarda do último modelo. Trata-se de que esse individuo percorra a rua em todo o seu comprimento, sem que lhe toquem os tiros disparados contra ele quase á queima-roupa.
Todas as doenças nos estão ameaçando e assediando: a dentição, as convulsões, o garrotilho, a meningite, o sarampo, a varíola, a febre tifóide, o aneurisma, a pneumonia, a enterite, a febre cerebral, o cólera, a tísica, etc., etc. E omitimos ainda mais de uma, que os nossos leitores e leitoras acrescentariam sem trabalho a esta lista das que primeiro nos ocorreram. Chegará são e salvo o nosso homem ao fim da rua? Se chega, será para morrer, depois, de qualquer modo.
O nosso planeta percorre assim a rua solitária com uma velocidade de mais de cem mil quilômetros por hora, e o sol arrasta ao mesmo tempo, com todos os planetas, para a constelação de Hércules. A Terra pode encontrar no seu caminho um globo invisível, muito maior do que ela e cujo choque bastaria para a reduzir a vapor. Pode encontrar um sol que a consumiria instantaneamente, como se fosse uma maça metida em um forno de fundição. Pode encontrar um enxame de aerólitos, que lhe produziriam o efeito de uma carga de chumbo em uma perdiz ou em uma cotovia.
Pode encontrar um planeta vinte vezes maior do que ela, carregado de gases deletérios, que envenenariam a nossa atmosfera respirável. Pode ser colhida por um sistema de forças elétrica que exerceriam a ação de um freio sobre os seus doze movimentos e a fundiriam ou a fariam arder como se fosse um fio de platina sujeito á ação de uma dupla corrente.
Pode perder o oxigênio que nos faz viver.
Pode estalar coma se fora um grande vulcão.
Pode desmoronar-se em um imenso terremoto. Pode submergir a sua superfície nas águas e sofrer um novo dilúvio mais universal do que o já conhecido. Pode ser atraída pela passagem de um corpo celeste que a subtraia ao sol e a arraste para os abismos gelados do espaço.
Pode perder, não só o resto do calor interno, que já não tem ação sobre a sua superfície, mas também o invólucro protetor que mamem a sua temperatura vital. Pode, quando menos se pense, deixar de ser alumiada, aquecida e fecundada pelo Sol, obscurecido e frio. Pode, pelo contrário, ser carbonizada por se haver duplicado repentinamente o calor solar, como se observou nas estrelas temporais; sem contar muitas outras causas de acidentes ou de enfermidade mortal, cuja fácil enumeração deixamos aos geólogos, paleontólogos, meteorogistas, físicos, químicos, biólogos, médicos, botânicos, e até aos veterinários, pois que uma epidemia bem propagada, ou a chegada invisível e um novo exercito de micróbios convenientemente e mórbidos, seriam o bastante para destruir á humanidade e as principais espécies de animais ou vegetais, sem produzir a menor alteração astronômica ao planeta propriamente dito.
Mas qual é, entre todas as causas de acidentes possíveis, conhecidas ou concebíveis, a que mais se pode recear? Qual é a que pode preocupar-nos, como sendo uma ameaça suspensa sobre o curso regular da Terra, tão tranqüila e tão imperturbável na sua aparecia?
 O globo terrestre é tão pequeno na imensidade, o seu curso é tão rápido, a sua marcha tão segura, a organização da sua vida astral tão completa, que sem dúvida não sucedera nenhuma das catástrofes que deixamos enumeradas. Contudo impõe-se á nossa atenção uma primeira possibilidade a do encontro com os cometas.
Observemos, desde já, que o espaço é sulcado por cometas que voam em todas as direções em redor do Sol, como se fossem borboletas em torno da luz, e que a terra, ao girar em volta do astro central, está exposta a encontrar mais de um. E' verdade que, em geral, esses eflúvios vagabundos e vaporosos não oferecem perigo algum, e que o globo terrestre pode atravessa-os como se fosse uma bala de canhão atravessando uma nuvem de mosquitos. E é isto o que tem sucedido. O cometa de Biela, por exemplo, é um dos que cruzam a órbita terrestre, e a sua proximidade, em 1832, chegou a causar certo pânico. O cálculo anunciava que este cometa devia atravessar a órbita terrestre no dia 19 de outubro desse ano, um pouco antes da meia noite.
Anunciou-se o cálculo nos jornais, sem o compreender bem, naturalmente, e falou-se dos perigos de tal encontro, capaz de ocasionar o fim do mundo.
Mas o que é a órbita da Terra? O caminho que ela percorre em roda do Sol. Se disparar um tiro atravessando um caminho, não é de recear um choque, salvo o caso de passarmos justamente no momento em que à bala o atravessa. Ora, bem; o nosso planeta não devia chegar a ponto da sua órbita atravessado pelo cometa, senão em 30 de novembro seguinte, ou seja mais de um mês depois, e a um momento ainda recordamos que a Terra percorre o espaço com uma velocidade de mais de cem mil quilômetros por hora. Não havia, pois, motivo para ter a menor sombra de receio. Os jornalistas tinham confundido a trajetória de uma bala com a própria bala.
Que teria sucedido, se o encontro se houvesse verificado? Então, era difícil prever; hoje, começamos a adivinhar-o, pois que esse mesmo cometa de Biela, cujo giro em volta do Sol não é, ou antes, não era de mais que seis anos e sete meses, encontrou verdadeiramente a Terra em 27 de novembro de 1872. Mas este cometa, se alguma vez foi perigoso, já o não é, porque está meio morto, partido em pedaços e desagregado em milhões de pequenas estrelas errantes.
Primeiro, em 1846, viu-se que ele se partiu em dois, e estas duas nebulosas continuaram caminhando pelo espaço, como se fossem duas irmãs gêmeas, mas afastando-se lentamente uma da outra. Depois, desapareceram pouco a pouco e não se tornou a vêlas.
Que foi feito delas? E' provável que o cometa se tenha desagregado em fragmentos diminutos, em pó cósmico, porque, em 27 de novembro de 1872, data em que devia encontrar a Terra, observou-se uma verdadeira chuva de estrelas cadentes, cujo número se calculou em cento e sessenta mil.
Esse enxame prodigioso sabia de um ponto do espaço, que correspondia ao que deveria ocupar, não a cabeça do cometa, que, se existisse, teria passado por esse ponto da órbita terrestre doze semanas antes, mas a sua cauda, ou melhor, uma fração das suas partes desagregadas, as quais se dispersaram ao longo da sua órbita depois da segmentação de 1846.
Não pode existir dúvida alguma sobre a identidade desse enxame de estrelas cadentes com o cometa de Biela, pois se verificou um novo encontro análogo ao primeiro, mas menos numeroso, em 27 de novembro de 1855.
Como se vê, não foi o foco do cometa que encontrou a Terra, mas somente os restos da sua desagregação. Em 30 de junho de 1861 parece que ocorreu um fenômeno da mesma natureza, ainda que sensivelmente distinto. Segundo os cálculos, estivemos submersos,
 na manhã desse dia, no extremo vaporoso do grande cometa. O fenômeno passou quase despercebido, sem se notar.mais do que um resplendor estranho, parecido com o de uma aurora boreal, e que se observou em diversos pontos da Inglaterra.
Nestes dois casos trata-se, não do foco do cometa, mas de apêndices afastados e inofensivos. Outro cometa, o de Lexell, encontrou no seu caminho, em 1770, o sistema de Júpiter. Ignoramos que efeito pode produzir esse encontro na vida que esses satélites possuam, mas não causou perturbação alguma no seu movimento, e, pelo contrário, foi o cometa que variou de curso, pela influência perturbadora de Júpiter, cuja massa colossal lançou o intruso em uma órbita diferente da primeira.
Assim, pois, os cometas podem encontrar a Terra e os outros planetas. As harmonias do sistema do mundo não se opõem a isso, assim como não se opõem ás inundações, erupções vulcânicas, terremotos e epidemias. E devemos até admirar-nos de que esses encontros não sejam mais freqüentes, pois o número dos cometas não é insignificante. Kepler dizia que a tantos cometas no universo como peixes a no mar.
Descobrem-se, termo médio, uns trinta por ano, á simples vista, bastante grandes e bastante próximos da Terra, para reinarem, durante algum tempo, como soberanos no céu estrelado. Alem destes, descobrem-se mais, com o auxílio do telescópio, cinco ou seis por armo. Desde a dois mil anos tem passado uns cem mil cometas pela vizinhança da órbita terrestre. Se tivermos em conta a extensão do sistema solar, mesmo limitando-se á órbita de Netuno, concluiremos que devem circular nesse espaço mais de vinte milhões de cometas.
Os cometas diferem entre si pelo tamanho, pela forma, pela massa e pela constituição física e química. Uns são completamente transparentes, até no seu núcleo, e a luz dos astros não demente quando eles lhes passam pela frente. Outros apresentam focos que parecem mesclados de concreções maciças como se fossem enxames de uranolitos de diversos volumes. Estes focos brilham em parte com luz própria, e, em parte, com luz reflexa do Sol. A análise da sua luz descobriu neles a presença dos compostos de carbono, hidrogênio carbonato, oxido de carbono e acido carbônico. Estes corpos celestes defiram uns dos outros.
As conseqüências de um encontro com a Terra, defeririam igualmente, segundo a natureza do cometa, segundo a velocidade e segundo a direção do choque. E  certo que a velocidade é sempre a mesma no espaço entre a Terra e o Sol, e igual á do nosso planeta multiplicada por 1414, isto é, 41.660 metros por segundo. Mas, vê-se facilmente que, se o cometa nos alcançasse por traz, quer dizer, na direção do nosso movimento principal, velocidade do choque seria mínima, enquanto que se o encontrássemos de frente, essa velocidade seria máxima, ou seja 72.000 metros por segundo.
Semelhante choque seria terrível se o centro do cometa fosse maciço ou mesmo simplesmente composto de corpos sólidos, de volumes diversos e mais ou menos consideráveis. Descreveu-o Laplace em termos dramáticos, pois, segundo ele, o choque de um cometa podia e devia produzir o seguinte:
O eixo da Terra e o seu movimento de rotação trocarem os mares, abandonando a sua posição, precipitarem para o novo equador; grande parte dos homens e dás animais ficariam afogados nesse dilúvio universal outros seriam destruídos por esse abalo violento imprimido ao globo terrestre; espécies inteiras ficariam aniquiladas; todos os monumentos da industria humana seriam derrubados.
Tais são os desastres que o ilustre geometra considera como possíveis, se chocarmos com um planeta cujo foco tenha uma considerável massa.
Trata-se, pois, de alguma coisa mais grave do que os fogos artificiais de estrelas, de que a pouco falamos; mas devemos apressar-nos . a dizer que é muito menos provável, porque, segundo todas as observações feitas até hoje, as massas dos cometas parecem, em geral, muito pouco importantes.
Contudo, não é menos certo que um foco sólido de alguns quilômetros apenas, ou uma porção de focos desse gênero, que nos chocassem, com uma velocidade cem vezes superior á de uma bala de canhão, estariam longe de ser inofensivos, e poderiam fundir um continente, deslocar um pedaço de globo, esmagar alguns milhões de homens e modificar mais ou menos a geografia das regiões atingidas.
Mas, o maior perigo que poderia oferecer  o encontro de um cometa, sob o ponto de vista que nos ocupa, seria, sem dúvida, a transformação do movimento em calor e a mistura dos seus gases com a nossa atmosfera.
Não a dúvida de que os cometas são essencialmente gasosos e os seus gases são  compostos de carbono. Além disso, aparecem, com freqüência, incandescentes. semelhante encontro constituiria certamente um perigo, que poderia ser muito grave e que, até em casos em que nos é impossível prever produziria fatalmente o fim do mundo.

Bom Livro para ser ler...
Sumário
Introdução
1 PARTE
I / 04
II / 12
III / 18
IV / 23
V / 31
VI / 38
2 PARTE
Uma viagem prodigiosa
I - A Noventa e seis mil léguas da Terra / 48
II - A quinze milhões de léguas da Terra / 50
III - A trezentos milhões de léguas / 53
IV - A mil milhões de léguas da Terra / 56
V - A oito mil bilhões de léguas / 62
VI - A cem milhões de bilhões de léguas / 67
VII - No Infinito / 72
O Universo Interior / 80

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