segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O pensamento

No pensar descobre o homem que existe, isto é, que raciocina, já dizia Descartes. A nossa ciência encontra-se muito longe dos conceitos básicos sobre o mecanismo do pensamento, apesar dos estudos sobre as células nervosas e seus respectivos grupamentos na organização cerebral. Já possuímos um mapa cerebral, embora deficitário, correspondendo a muitos centros ou zonas responsáveis por funções, isto é, funções que se mostram através de centros nervosos específicos. Apesar de tudo, ainda estamos sem possibilidades de adequado equacionamento sobre o pensamento, o raciocínio, a memória, a inteligência etc. As estruturações das funções de abstração são, realmente, de difícil entendimento, embora, de importância, é sabermos como pensamos e por que pensamos. Devemos considerar o pensamento como condição preponderantemente humana, nascido na faixa do psiquismo quando o mesmo alcança o processo de conscientização. Sem o processo consciencial humano, em cujas estruturas desfila o raciocínio em posições lógicas e criativas, o pensamento não se expressaria tal qual o entendemos. Apesar de tudo o pensamento se mostra nos animais superiores, embora de características fragmentárias, sem encadeamento preciso, fugidio e sem possibilidades associativas; seria um processo momentâneo, sem fixação, extinguindo-se com facilidade. Na faixa humana, conforme a idade, o pensamento se estrutura de modo próprio. Na fase infantil, o mecanismo do pensamento se vai elaborando e maturando pouco a pouco, alicerçado em associações e estímulos vários, onde os reflexos condicionados e incondicionados ocupam lugar de destaque. Do pensamento primário tipo sensório-motor ao intuitivo, passando pelas fases: - prelógica, lógica e objetiva - a maturidade é fator a ser considerado. Daí a importância das relações, com o meio, tipos de educação e métodos diversos, até o alcance do pensamento criador, onde não poderá existir um fator interno impulsionador incentivando as estruturações. Bem claro que o desenvolvimento de suas funções obedecerá diversos níveis de elaboração, calcados no biótipo psicológico de cada ser.Muitos pesquisadores se têm dedicado ao estudo desses; pouco avanço se tem observado. Claude Bergard o grande fisiologista, abriu bons caminhos para o entendimento das funções intelectivas; mesmo assim, ainda estamos muito longe de definir tão complexo processo. Na mecânica do pensamento os órgãos encefálicos, com seu avançado bioquimismo, suas influências hormonais, seu deslumbrante metabolismo, não podem dizer tudo. As telas cerebrais, campo de nossas avaliações intelectuais, emocionais e afetivas, são de considerável importância, mas continua faltando quase tudo. O processo do pensamento, em sua estrutura básica, encontra-se fora do campo consciente, apesar de refletir-se no soalho material do psiquismo, com participação de grande parte do organismo. Vejamos as tensões musculares, aumento ou diminuição do ritmo cardíaco e outras manifestações desencadeadas pelo jogo infinito das emoções no desconhecido tapete dos pensamentos. Já sabemos que não podemos demarcar funções abstratas como de exclusiva origem material. Necessitamos do cérebro como a região de nessas comunicações, mas a tela material dos neurônios, por menor que se ajuste, não possui condições de estruturação de campo criativo. Terá de existir outro campo, em Íntimo relacionamento com a matéria, mostrando seus importantes e avançados reflexos. O próprio campo material necessita de estar organizado e aparelhado a fim de ser o portador de impulsos bem mais específicos na tradução do equilíbrio excitação-inibição ao lado de adequado potencial eletrodinâmico. Isso quer dizer que, além do campo material possuidor de certas condições que lhe são próprias, existirá o campo energético espiritual ou zona do inconsciente de bem mais avançadas possibilidades de orientação e comando. No pensamento haverá sempre um julgamento com interpretação de um processo despertado por causa externa, que sempre se mostra, ou de um despertamento interno quase sempre desconhecido. Os pensamentos acompanham os nossos ritmos psicológicos: assim. Eles serão tranqüilos, acelerados, arrastados, harmoniosos, inquietos, sonhadores etc. Tudo de acordo com o nível e biótipo psicológico do ser humano perante as diversas ativações externas ou internas; isto é, perante os imensos e variados fatores do meio ou o grande impulso interno que todos carregamos emergindo do centro do psiquismo, da zona do inconsciente, do ser no dizer de Jung, do Cristo interno, enfim, da zona Espiritual. Na análise das funções abstratas, especificamente o pensamento, bem claro que o cérebro será a tela por onde o mecanismo em questão se expressará, embora existam outros campos elaborativos com ativa participação dos componentes espirituais. Não seria uma ação puramente física, pela presença de "partículas", mas, também, de "sub e antipartículas" dos campos de antimatéria. Haja vista a fenomenologia paranormal sustentada pelas correntes de pensamento entre encarnados e desencarnados; correntes estas de tipo microelétrico (?), assim denominadas por falta de termo adequado. O desencarnado, sem o cérebro material, emite pensamentos perfeitamente detectados pelos encarnados; aí estão os fenômenos mediúnicos apresentando imensos fatos registrados e de inconteste comprovação. O pensamento nasce de uma tendência impositiva caminhando em associações de idéias e desembocando no estuário da "composição-imagem". Assim, a fase inicial, mesmo com ativação externa de uma determinada imagem, seria lastreada no inconsciente ou zona espiritual, seguindo-se a fase de ressurgimento da idéia, até o acontecimento da mesma na tela consciente. Muitas teorias e escolas apareceram na explicação de tal mecanismo: a busca da forma ou configuração - gestalt; o associonismo e muitas outras calcadas nas idéias de Binet, Rappaport, Claparede, Alporte tantos mais. Os defensores das teorias neuro-reflexológicas tiveram grande aceitação no início do século, como também as equações freudianas que se projetaram, neste setor, como instrumento útil de análise. Os conceitos junguianos deram maiores projeções racionais na busca do entendimento do fenômeno-pensamento. O pensamento acompanhando a evolução do homem primitivo até os nossos dias mostra as suas diversas fases e tipos - primitivo, arcaico, mágico, egocêntrico, lógico, intuitivo. Todos esses tipos, em suas expansões, denotam o parâmetro evolutivo de cada ser e com imensas e infinitas variantes individuais. Assim, pode-se inferir que o pensamento primitivo, fá em plena fase consciencial, se vai mostrando através das palavras em formação como herança das idéias fragmentárias da fase anterior animal. Ao mesmo tempo em que o processo consciencial se vai fixando, irrompe na zona cerebral - o pensamento contínuo, transformando as existentes idéias ainda rápidas e fugidias, em imagens mais duradouras. Essas imagens iriam convidando o homem à meditação que, em seu constante exercício, seria a grande ativadora do processo em questão. O conhecimento sobre a estruturação do pensamento não será obra dos nossos dias. Muitas outras questões terão de ser decifradas e conhecidas, a fim de adquirirmos uma autêntica avaliação; haja vista o nosso desconhecimento sobre o teor das energias criativas do psiquismo. As informações e conhecimentos somente chegarão quando decifrarmos as diversas regiões espirituais e seu campo de expansões, a zona intermediária entre espírito e matéria - o perispírito. Quando a organização cerebral e suas dependências forem mais bem conhecidas e o perispírito analisado e estudado em seus ritmos vibratórios, teremos conceitos mais profundos e ajustados sobre o pensamento. O conhecimento de sua dinâmica estrutural talvez exija ainda o desfile de alguns séculos. Jorge Andréa dos Santos
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