terça-feira, 13 de setembro de 2011

A VERDADEIRA PROPRIEDADE

 9- O homem só possui em plena propriedade aquilo que lhe é dado levar deste mundo. Do que encontra ao chegar e deixa ao partir goza ele enquanto aqui permanece. Forçado, porém, que é a abandonar tudo isso, não tem das suas riquezas a posse real, mas, simplesmente, o usufruto. Que é então o que ele possui? Nada do que é de uso do corpo; tudo o que é de uso da alma: a inteligência, os conhecimento, as qualidades morais. Isso o que ele traz e leva contigo, o que ninguém lhe pode arrebatar; o que será de muita utilidade no outro mundo do que neste, como, do que tiver adquirido em bem, resultará a sua posição futura. Quando alguém vai a um pais distante, constitui a sua bagagem de objetos utilizáveis nesse pais: não se preocupa com os que ali lhe seriam inúteis. Procedei do mesmo modo com relação á vida futura; aprovisionai-vos de tudo o que lá vos possais servir.
Ao viajante que chega a um albergue, bom alojamento é dado, se o pode pagar. A outro, de parcos recursos, toca um menos agradável. Quanto ao que nada tenha de seu, vai dormir numa enxerga. O mesmo sucede ao homem, á sua chegada no mundo dos Espíritos: depende dos seus haveres o lugar para onde vá. Não será, todavia, com o seu ouro que ele pagará. Ninguém lhe perguntará: Quanto tinhas na Terra? Que posição ocupava? Eras príncipe ou operário? Perguntar-lhe-ão: Que trazes contigo? Não se lhe avaliarão os bens, nem os títulos, mas a soma das virtudes que possua. Ora, sob esse aspecto, pode o operário ser mais rico do que o príncipe. Em vão alegará que antes de partir da Terra pagou o peso de ouro a sua entrada no outro mundo. Responder-lhe-ão: Os lugares aqui não se compram: conquistam-se por meio da prática do bem. Com a moeda terrestre, hás podido comprar campos, casas, palácios; aqui, tudo se paga com qualidades da alma. És rico dessas qualidades? Sê bem- vindo e vai para um dos lugares da primeira categoria, onde te esperam todas as venturas. És pode delas? Vai para um dos da última, onde serás tratado de acordo com os teus haveres-Pascal. Genebra, 1860
10- Os bens da Terra pertencem a Deus, que os distribui a seu grado, não sendo o homem senão o usufrutuário, o administrador mais ou menos íntegro e inteligente desses bens. Tanto eles não constituem propriedade individual do homem, que Deus frequentemente anula todas as previsões e a riqueza foge áquele que se julga com melhores títulos para possuí-la. Direis, porventura, que isso se compreende no tocante aos bens hereditários, porém, não relativamente aos que são adquiridos pelo trabalho. Sem dúvida alguma, se há riquezas legitimas, são estas últimas, quando honestamente conseguidas, porquanto uma propriedade só é legitimamente adquirida quando, da sua aquisição, não resulta dano para ninguém. Contas serão pedidas até mesmo de um único ceitil mau ganho, Isto é, com prejuízo de outrem. Mas, do fato de um homem dever a si próprio a riqueza que possua, seguir-se-á que, ao desencarnar, alguma vantagem lhe advenha desse fato? Não são amiúdes inúteis as precauções que ele toma para transmiti-la a seus descendentes: Decerto, porquanto, se Deus não quiser que ela lhes vá ter ás mãos, nada prevalecerá contra a sua vontade. Poderá o homem usar e abusar de seus haveres durante a vida, sem ter de prestar contas? Não. Permitindo-lhe que a adquirisse, é possível haja Deus tido em vista recompensar-lhe, no curso da existência atual, os esforços, a coragem, a perseverança. Se, porém, ele somente os utilizou na satisfação dos seus sentidos ou do seu orgulho; se tais haveres se lhe tomaram causa de falência, melhor fora não os ter possuído, visto que perde o que ganhou do outro  anulando o mérito de seu trabalho. Quando deixar a Terra, Deus dirá que já recebeu a sua recompensa. -M. Espírito protetor [Bruxelas, 1861] Tirado do Livro O Evangelho Segundo o Espiritismo Capítulo XVI FEB: Alan Kardec

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