terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Mecanismo da correção do erro

                            

                                        PREFÁCIO




Este livro foi iniciado no inverno de 1959. Fui, em julho, convidado a proferir uma conferência em S. Paulo e logo comecei a tomar notas, mas elas foram rapidamente aumentando, até que compreendi que estava recebendo um novo volume: este que agora aqui apresentamos. Era um caudal de idéias novas que estava chegando. Não me restava outra coisa senão apressar-me a registrar tudo por escrito, antes que elas desaparecessem. Assim nasceu este livro, de um trabalho febril executado quase todo durante a noite.

A inspiração tinha-me pegado desprevenido. Ao invés de uma palestra saiu um livro. Sem eu ter de antemão planejado nada, nasceu um trabalho ordenado, segundo um plano lógico e unitário. A primeira idéia que surgiu na minha mente foi a visão ética do esquema da figura anexa neste livro, na sua forma mais simples, isto é, do eixo central XY, e dos dois triângulos invertidos, um positivo (vermelho) e o outro negativo (verde). Mas à medida que ia observando essa visão, ela se foi sempre mais enriquecendo de pormenores, apresentando sempre novos problemas que exigiam solução. Esta, porém, chegava logo que a minha curiosidade de saber

formulava novas perguntas. Pareceu-me que estivesse seguindo uma lógica preexistente, ao longo dum caminho já traçado. Tive que admitir: tratava-se duma verdade já feita, completa antes de eu conhecê-la, e que ela apenas se ia, pouco a pouco, descobrindo aos meus olhos.

Mais exatamente a técnica receptiva deste volume foi a seguinte. Ele foi registrado em português em três fases: 1) Por escrito, à  mão, foi rapidamente registrado o conjunto de toda a concepção nas suas linhas gerais, a visão sintética do esquema geral do trabalho. 2) Também por escrito, à mão, com o auxilio do precedente rascunho, foi novamente lida e observada atentamente a mesma visão nos seus pormenores, controlando a exatidão da primeira percepção e ampliando-a agora em todos os seus aspectos. 3) Este segundo rascunho, que representava a segunda leitura e tradução, em palavras, da visão, foi por fim copiado à máquina, cuidando-se da língua, melhorando-se a forma, focalizando-se com mais exatidão cada particular e expressão, para controlar e ter certeza para que a palavra correspondesse à visão. Assim o trabalho se desenvolveu indo do geral para o particular, do conjunto para os pormenores, primeiro em forma de síntese e depois de análise. Para me apoderar em cheio da visão e possuí-la em todas as suas qualidades, tive de me aproximar dela por três degraus de observação: 1) Uma leitura panorâmica, de longe, podendo-se dizer telescópica. 2) Uma leitura comum, mais de perto, a distância normal, poder-se-ia dizer a olho nu. 3) Uma leitura miúda, a distância mínima, poder-se-ia dizer microscópica .

Assim nasceu este volume como conseqüência das teorias expostas em: A Grande Síntese, Deus e Universo, O Sistema. Cada um deles, como também o presente, é a continuação lógica do precedente. Quando acabo de escrever um livro, parece-me ter esgotado o assunto e ter dito a última palavra a respeito. Mas depois me apercebo que tudo vai continuando e que aquela última palavra é só a primeira dum novo livro. Quando este chegar ao fim, me parece ter esvaziado o depósito do meu conhecimento a respeito do tema tratado; entretanto, verifico depois que, aquilo que me parecia ser um ponto de chegada, é só o ponto de partida do volume seguinte. E assim por diante. Na lógica do pensamento que naqueles livros fui registrando, o presente volume representa a fase do controle experimental e das aplicações práticas daquelas teorias, para ver se a realidade dos fatos correspondia aos princípios gerais nelas afirmados. Assim tudo vai sendo controlado racionalmente. Fazer isso é um dever. Quem prega uma teoria aos outros é quem mais tem a responsabilidade do que afirma, porque deve possuir a certeza e a garantia da verdade pregada. Quem ensina não pode acreditar cegamente nas teorias ensinadas aos outros; deve controlar a cada passo que não está sustentando fantasias, mas verdades. Ele tem de conhecer e oferecer as provas concretas, o serva as suas conseqüências, entrando nos pormenores, comparando as teorias com a realidade dos fatos, tudo submetendo ao teste da experimentação; estando sempre pronto a repudiar o que não resiste a esse exame, aceitando toda objeção e resolvendo toda dificuldade, para que tudo seja claro, lógico, demonstrado.

Chegados a este ponto, pudemos hoje compreender a lógica do desenvolvimento do pensamento que nos levou até a este volume: Queda e Salvação.

O Sistema havia completado a visão de A Grande Síntese e Deus e Universo. Os choques, porém, dos primeiros anos brasileiros chamaram a minha atenção para o mundo terreno da realidade biológica. Eis então que tive de olhar de outro ângulo, não mais para o céu mas para a Terra. Depois de ter estudado e resolvido o problema da criação e primeiras origens, foi necessário estudar resolver o problema da sobrevivência do homem evangélico no inferno terrestre, do evoluído em contato com as ferozes leis da animalidade humana. Essa foi a origem de onde nasceram os dois livros: A Grande Batalha e Evolução e Evangelho. Eis que tudo isto nos levou ao problema da conduta humana em geral, e surgiu a necessidade de resolvê-lo. O assunto tratado foi sempre mais se ampliando nos seus aspectos humanos, terrenos, práticos, após ao desenvolvido nos livros acima: Deus e Universo e O Sistema. Nasceram, assim, mais dois livros: A Lei de Deus e Queda e Salvação. Eles representam dois graus diferentes de aproximação do problema da conduta humana ou da ética. No primeiro, o assunto foi tratado de modo geral, acessível, prático, mais próximo à compreensão do homem comum e de sua vida de cada dia, porque esta era a forma mais adaptada para palestras na Rádio. No segundo o mesmo assunto foi ampliado e aprofundado em relação a outros pontos de referência, isto é, não em junção das necessidades e vantagens imediatas da vida humana atual, mas em junção dos princípios universais fundamentais e da salvação do ser no plano geral da Criação. O presente volume: Queda e Salvação pode assim ser considerado como uma amplificação do outro: A Lei de Deus, tratando ambos do mesmo assunto, mas em forma diferente, como já foi mencionado anteriormente.

Eis o fio que liga, de um pólo ao outro do conhecimento, estes livros num único desenvolvimento lógico, segundo um pensamento unitário que vai sempre continuando e se renovando. Podemos assim compreender qual foi o caminho que nos levou até Queda e Salvação. Neste não se trata mais, como no precedente, A Lei de Deus, de considerações a respeito da conduta humana, mas da construção duma verdadeira "ética racional",  fruto, não dos impulsos do subconsciente da maioria e das interpretações das vagas afirmações das revelações religiosas, mas resultado positivo duma lógica científica, por isso de valor real e universal por ser produto das leis da vida, verdadeiras para todos, independentemente do tempo, da raça, da religião de cada um O escopo da presente obra é o de formular e afirmar esta nova ética, qual norma de conduta mais inteligente e adiantada para os evoluídos de amanhã.
A ética atual infelizmente representa mais um desabafos dos impulsos primordiais da vida na tentativa de discipliná-los, quais a cobiça, o sexo e a luta para vencer, do que a regra com que o indivíduo se coordena em função de finalidades superiores no seio de uma unidade orgânica: a humanidade do futuro. Neste livro, nós, apelando ao sentido prático que todos possuem e a um cálculo utilitário que todos compreendem, queremos demonstrar quanto seria mais vantajoso praticar uma regra de vida menos primitiva e feroz, e mais civilizada. Isto para que possa surgir, paralelo a um mundo que pela ciência se tornou mais poderoso, e melhor pela inteligência e pela bondade. As gerações anuais talvez não compreenderão. Mas nosso objetivo é o de atingir as futuras gerações mais aptas a compreender, porque escolhidas em virtude de terem sido selecionadas no próximo expurgo terrestre, porque amadurecidas pelas grandes dores que nos esperam, as quais têm o poder de abrir os olhos aos cegos.
Impelido pelo desejo irresistível de encontrar este mundo melhor, para me evadir do selvagem estado atual, procurei desesperadamente outro lugar; sufocado pela terrena atmosfera de engano, egoísmo, esmagamento e ignorância, fugi em busca de sinceridade, bondade, honestidade e conhecimento. Tive de viajar muito, mas encontrei o que procurava. Atrás dos bastidores desta peça humana de teatro, suja e trágica, me apareceu uma realidade mais profunda e verdadeira, a do espírito. Quando tive perante a vista o plano geral do universo, o horrível presente se completou num melhor amanhã, numa radiante visão de conjunto, em que a futura felicidade justificava os sofrimentos atuais. A certeza de que este amanhã tinha fatalmente de tornar-se realidade para nós um dia,  que este futuro melhor estava garantido, para o ser amargurado pela dor, pela irrefreável vontade da Lei de Deus, tudo isto me encheu o coração de esperança. Vislumbrei ao longo do caminho das ascensões humanas o lento e fatal aproximar-se do reino de Deus, em que Ele triunfa, vencedor das trevas. Foi esta para mim uma grande descoberta que me encheu de alegria. Foi para mim uma descoberta ter chegado a perceber dentro de cada coisa a imanência de Deus, não  daquele Deus ao Qual se costuma orar só com a boca ou em Quem se tem de acreditar por medo; de um Deus não só estátua e imagem, mas que sentimos presente, em toda a hora e lugar, vivo, operante entre nós, pai que nos ama e ajuda a viver e subir para o nosso bem Finalmente era possível sair da névoa das lendas, da fantasia, da ignorância, da fé cega. Finalmente uma visão clara de nosso destino, um apoio firme, um caminho certo, u'a meta segura, a verdadeira vida.

Tudo isto não caiu de graça do céu, mas foi o fruto de um duro trabalho de amadurecimento, de maceração interior, de sofrimentos profundos. Mas este fruto está aqui, e a minha alegria agora é de oferecê-lo, aos meus companheiros na viagem da vida, que sofrem e lutam para subir, para lhes mostrar o caminho da felicidade e explicar-lhes que é possível atingi-la, vivendo conforme a Lei de Deus. Tirado do Livro: Queda e Salvação: Autor: Pietro Ubaldi...


S. Vicente, (São Paulo), Brasil
Natal de 1960
             
                                  V1I
                           Mecanismo  da correção do erroTomemos novamente as nossas pesquisas, continuando o desenvolvimento do tema do Cap. I a respeito do esquema gráfico do processo involutivo-evolutivo, e do tema do Cap. 1V a respeito dos diversos pontos de referência. Volvamos assim à nossa figura, para observar outros aspectos do fenômeno que ela representa. No Cap. 1 observamos o caso geral do ciclo completo nos seus dois caminhos de ida e volta. No Cap. IV observamos o fenômeno menor
que, conforme o mesmo modelo, se repete no caso particular de cada erro do ser.
É neste ponto, em que se verifica o erro do ser e a sua dor para corrigi-lo. Desponta assina a necessária forma orientadora para dirigir. a sua conduta, entrando no terreno específico da ética. Observemos o fenômeno representado em sua expressão gráfica, em nossa figura, Continuamos dessa forma levando as teorias dos dois livros: Deus e Universo e O Sistema às suas práticas conseqüências e aplicações.
Estudamos na primeira parte do Cap. IV o caso simples de um afastamento horizontal, nos seus dois movimentos, de ida e volta. Conhecemos agora o significado das expressões gráficas da figura, quais são a linha do erro NN1 e a linha da dor N1N, inversas e complementares. A primeira representa a vontade do ser, que quer o emborcamento, dirigida da positividade para a negatividade. A segunda representa a vontade de Deus, que quer a retificação, dirigida da negatividade para a positividade. Se escolhemos como ponto de referência o ser, a primeira linha representa a satisfação do rebelde que realiza a sua vontade de vencer contra Deus; e a segunda linha representa o sofrimento do rebelde que tem de renegar a sua vontade de revolta para obedecer à vontade de Deus. Se escolhemos como ponto de referência a Lei, a primeira linha representa o caminho que, com a violação da Lei, vai para a desordem; e a segunda linha representa o caminho que, em obediência à Lei, volta à ordem. Como já dissemos no Cap. IV, o fenômeno pode ser observado em função de dois diferentes pontos de referência, seja Deus e a Sua Lei, seja o ser rebelde e a sua vontade de revolta: pontos opostos, que representam os dois pólos do dualismo universal.
Procuremos agora compreender como funciona o mecanismo
da correção do erro pela dor. A coluna central do fenômeno da queda é representada pelas duas linhas XY e YX. A primeira representa o desenvolvimento do impulso negativo da revolta, devido à vontade do ser, a segunda representa o desenvolvimento do impulso positivo do endireitamento, devido à vontade de Deus. O primeiro deslocamento XY quer destruir a positividade dirigindo-se para a negatividade; o segundo quer destruir a negatividade reconstruindo a positividade. O primeiro movimento vai contra Deus, o    segundo contra o ser. Por isso o primeiro é erro, o segundo é dor. É erro a revolta para emborcar a vontade de Deus. É dor o endireitamento que emborca a vontade do ser. Com a dor este recebe de volta o seu próprio impulso de emborcamento, que por fim se volta contra si mesmo. Ele, que com a revolta quis torcer a Lei, fica constrangido por ela à obediência.
O caminho da evolução não é tranqüilo, mas se realiza no choque entre essas duas forças contrárias. Ele representa o esforço    da reconstrução, que o ser tem de realizar contra a sua própria vontade de destruição. O caminho YX da evolução tem de ser percorrido pelo ser, constrangido pela dor, contra a sua vontade rebelde, que é de afastamento e não de retorno ao S.
Eis que chegamos ao ponto chave do problema e podemos compreender porque nasce o erro, isto é, a causa primeira do     que se chama culpa ou pecado. A posição do ser situado ao longo do caminho YX da evolução, representa um contraste entre o impulso da Lei que impele o ser para o S, e o impulso do ser que    opõe resistência porque, pelo contrário, ele quer dirigir-se para a realização do AS. A vontade da Lei é de levar a ser para o ponto X. A vontade do ser é de realizar a plenitude da sua revolta no ponto Y.
Disto se segue: 1) A linha do erro NN1 é produto da vontade do ser, contra a da Lei. 2) a linha da dor N1N é produto da vontade da Lei contra a do ser. 3) Este deslocamento lateral MAN é da mesma natureza do deslocamento maior XYX, do qual se apresenta como um caso menor. 4) Cada erro ou pecado representa uma tentativa de revolta contra o S para se aproximar do AS, movida por uma vontade rebelde à ordem de Deus, é efeito desse impulso de emborcamento se constitui uma queda que depois é necessário recuperar com a dor. 5) O deslocamento lateral NN1N representa um desabafo da vontade do ser que quer ir contra a da Lei. O afastamento se realiza em sentido lateral, porque aqui a vontade do rebelde encontra menor resistência do que se retrocedesse direto contra a da Lei em sentido vertical para Y. Neste caso, o ser, para atingir a satisfação da sua vontade, segue e caminho de menor resistência.
Este é o caso mais simples, que estudamos primeiramente. Mas veremos agora o caso diferente e mais complexo de, outros afastamentos não horizontais: afastamentos oblíquos, seja para cima como para baixo, em que por conseguinte prevalece em medida maior ou menor o impulso da vontade rebelde do ser contra a da Lei.
O ser, impulsionado pela sua vontade de revolta dirigida para o AS, contra a oposta vontade da Lei que quer levá-lo para o S, procura uma saída e solução para esse contraste com um compromisso que lhe permita atingir a sua satisfação, mas com o menor esforço possível, contra a vontade da Lei que o aperta do outro lado para levá-lo ao S. Em seu retrocesso para o AS, ao longo da linha XY, a resistência será muito maior. Do contraste entre esses dois impulsos opostos nascerão, segundo o poder do impulso de revolta do ser, diferente, modelos ou tipos de afastamento, como agora estudaremos. Veremos que as linhas do erro e da dor tomarão posições, medidas e valores diferentes, mas sempre obedecendo ao mesmo princípio de equilíbrio, que rege o caso mais simples NN1N, que já observamos, isto é, de exata correspondência e compensação entre o tamanho do erro e o da dor.
Estudaremos assim em vários dos seus aspectos esse fenômeno da tentativa do ser em busca de escapatórias laterais ao impulso corretor da Lei, para realizar a sua vontade de revolta sem ter de chocar-se com a reação da dor. Como já mencionamos, fomos até agora observando o caso mais simples, o do afastamento horizontal, em que as duas linhas, a do erro e a dor, são perpendiculares à da Lei e iguais entre elas. Observemos agora o caso em que a linha do erro não se afasta em sentido horizontal, perpendicular à linha da Lei, mas em direção oblíqua. Temos que considerar primeiro a linha do erro, que expressa o impulso gerador do fenômeno, fato que estabelece a forma do seu desenvolvimento, a medida da linha da dor e sua conseqüência.
A linha do erro pode então ser oblíqua em duas direções: 1) dirigindo-se para o alto, isto é, para o S; 2) dirigindo-se para baixo, isto é, para o AS. Como poderemos então calcular qual será a correspondente linha da dor que leva o ser à linha da Lei?
Aqui a direção oblíqua introduz no fenômeno novos elementos, já que ela implica um deslocamento não somente lateral, de afastamento da linha da lei, como no primeiro caso, mas também um deslocamento que se repercute ao longo daquela linha, em sentido vertical, seja de subida ou de descida. Assim se a posição oblíqua for dirigida para o alto da figura, então a linha do erro terá percorrido também um trecho da linha da Lei em sentido evolutivo, para o S; e se a posição oblíqua for dirigida para baixo, então a linha do erro terá percorrido também um trecho da linha da Lei em sentido involutivo, para o AS.
Nestes dois casos, que chamaremos o 2º e o 3º caso, tendo em vista o primeiro, horizontal, já estudado, o desvio adquire e representa valores diferentes, porque não se trata mais, como no 1º caso, só de um afastamento da linha da Lei, enquanto tudo permanece sempre à mesma altura na escala da evolução, isto é, à mesma distância e na mesma posição a respeito do S como do AS. Nestes dois casos, pelo contrário, o deslocamento da linha do erro, sendo oblíqua, gera também correspondentes deslocamentos na posição ao longo da linha da Lei. Mais exatamente, no 2º caso (oblíquo em subida) verifica-se um deslocamento de aproximação para o S, com todas as respectivas vantagens como conseqüência evolutiva; e no 3º caso (oblíquo em descida) verifica-se um deslocamento para o AS, com todas as respectivas perdas como conseqüência involutiva. No desenvolvimento do processo do endireitamento corretor, para chegar a conhecer quais são os seus resultados finais, é necessário então levar em conta e calcular o valor de todos esses movimentos, que vemos expressos pelo comprimento das linhas que observarmos na figura.
Aqui a 1inha da volta ou da dor não é constituída somente pela contrapartida igual à linha do erro, mas por um caminho mais longo e complexo. no qual aparecem outros elementos, cujo  valor é necessário definir. Enfrentemos então o problema mais de  perto, observando as suas diferentes posições em nossa figura. Ela nos apresenta três modelos ou casos fundamentais.
1º) – O primeiro caso e o do afastamento horizontal, de que já falamos. Ele está expresso pelo percurso NN1N, isto é, pelo comprimento da linha verde do erro e da linha vermelha da dor. A primeira linha nos expressa a medida do afastamento para fora da linha da Lei, ou caminho percorrido em sentido negativo na ida, o que é igual à segunda linha que nos expressa a medida do trabalho de nova aproximação à linha da Lei, ou caminho a percorrer em sentido positivo de volta.
A fórmula deste 1º caso é :

NN1 ( – ) = N1N ( + )

2º) – O segundo caso é o do afastamento oblíquo em subida. Aqui o problema se torna mais complexo, porque podemos encontrar muitas posições e relações diferentes entre as duas linhas, a do erro ( – ) e a da dor ( + ), a segunda encarregada de   neutralizar a primeira. Para simplificar escolhemos, como na figura, só duas posições principais, representando todas as outras possíveis apenas variações destas. Cada posição pode ser expressa pela sua fórmula.
a) Posição a, do 2º caso. Esta posição do afastamento oblíquo em subida resulta do percurso NN2N3. Pelo fato de que a linha do erro é em subida, o caminho reconstrutor pela dor acaba no ponto final N3, e não no ponto de partida N, como no 1º caso. Assim neste caso o deslocamento lateral do erro implica também na trajeto NN3, percorrido em subida, em sentido positivo evolutivo, ao longo dia linha da Lei, em favor do ser. (Representa uma vantagem para ele tudo o que o leva para o S).
b) Posição b, do 2º caso. Esta posição resulta do percurso NN4N5, e é semelhante à precedente. A diferença é só esta: que o afastamento é ainda mais oblíquo em subida, com a conseqüência que assim se intensificam, acentuadas com maior evidência, as qualidades do caso precedente ou posição A. Pelo fato de que alinha do erro é ainda mais em subida, o caminho reconstrutor pela dor acaba não na ponto final N3, mas no ponto N5. Assim neste caso o deslocamento lateral do erro implica também no trajeto NN5, percorrido em subida, em sentido positivo evolutivo, ao longo da linha da Lei, maior que o precedente, em favor do ser.
3º) – O terceiro caso é o do afastamento oblíquo em descida. Aqui nos encontramos nos antípodas do 2º caso, precedente. O mesmo processo se repete, mas às avessas, em forma emborcada, gerando por isso valores opostos. Aqui também, como acima, para simplificar escolhemos só duas posições principais, deixando as outras possíveis posições intermediárias. Aqui também cada posição pode ser expressa pela sua fórmula, como veremos.
a) Posição a, do 3º caso. Esta posição do afastamento oblíquo em descida, resulta do percurso NN6N7. Pelo fato de que a linha do erro desta vez e era descida, o caminho reconstrutor pela dor acaba no ponto final N7, e não no ponto de partida N. Assim neste caso o deslocamento lateral do erro implica também no trajeto NN7 percorrido em descida, em sentido negativo involutivo, ao longo da linha da Lei, em prejuízo do ser. (Representa um da- no para ele tudo o que o leva para o AS).
b) Posição b, do 3º caso. Esta posição resulta do percurso NN8N9, e é semelhante à precedente. A diferença é só esta: que o afastamento é ainda mais oblíquo em descida, com a conseqüência que assim se intensificam, acentuadas com maior evidência, as qualidades do caso precedente ou posição a. Pelo fato de que a linha do erro é ainda mais em descida, o caminho reconstrutor pela dor acaba não no ponto final N7, mas no ponto N9. Assim neste caso o deslocamento lateral do erro implica também no trajeto NN9, percorrido em descida, em sentido negativo involutivo, ao longo da linha da Lei, maior que o precedente, em prejuízo do ser.
Eis o esquema geral dos três casos e suas posições. Entrando em outros pormenores, explicaremos mais adiante tudo melhor.

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Analisemos agora os conceitos acima mencionados, para compreender o seu significado e o que a eles corresponde na realidade. Vigora sempre em todo o momento do fenômeno o contraste entre os dois impulsos opostos: o da negatividade devido à vontade de revolta do ser, dirigido para o AS, e o da positividade devido à vontade de ordem da Lei, que impulsiona para o S. Tudo  o que é negativo esta marcado na figura em cor verde e com o sinal () Tudo o que é positivo esta marcado na figura em cor vermelha e com o sinal (+).
O impulso da negatividade gera a linha do erro, o da positividade gera a linha da dor. Então a linha verde do erro, de sinal –, representa o dano do ser porque, apesar de correr atrás de gozos efêmeros, por esse caminho ele se afasta da Lei que representa a sua verdadeira felicidade. E a linha vermelha da dor, de sinal +, representa a vantagem do ser porque, apesar de sofrer, por esse caminho ele neutraliza o erro e, recuperando o perdido, de novo se aproxima da Lei, em que está a felicidade.
Aqui, quando falamos de dano ou vantagem, o nosso ponto de referencia é o mais importante, isto é, Deus, o S, a Lei, em que se encontra o único verdadeiro bem-estar do ser; e não é o seu gozo momentâneo e ilusório, porque rouba à justiça da Lei e por isso é dívida a pagar, que leva ao estado completo e definitivo da sua felicidade,
Este novo modo de equacionar o problema em direção obliqua, com a conseqüente posição inclinada da linha do erro em relação à linha da Lei, introduz no fenômeno elementos e valores novos que é necessário levar em conta e definir. Nestes dois: 2º e 3º caso, não ha somente a linha do afastamento lateral, a do erro, mas verifica-se também um deslocamento no sentido vertical, ao longo da linha da Lei. Se esse deslocamento é em subida, para o S, ele se resolve num caminho percorrido no sentido da obediência; se ele é em descida, para o AS, se resolve num caminho percorrido no sentido da revolta.
Assim temos agora não somente que calcular os valores da linha do erro no sentido da negatividade e da linha da dor no sentido da positividade, mas tombem no 2º caso os valores positivos construtivos, produto do deslocamento ao longo da linha da Lei em subida (evolução), e no 3º caso os valores negativos destrutivos, produto do deslocamento ao longo da linha da Lei em descida (involução). O valor do resultado final atingido pelo ser nestes dois casos, será obtido comparando o valor expresso pelo comprimento do conjunto de todas as linhas positivas de um lado, considerado em relação ao valor do conjunto de todas as linhas negativas do outro, ou ao contrário.
Nestes dois casos temos então de observar o comprimento de 4 linhas, que nos expressa e dá a medida do conteúdo e valor delas.
1) A linha do erro ( – ), oblíqua, de afastamento da linha da Lei, em subida (2º caso), ou descida (3º caso).
2) A 1inha da dor ( + ), horizontal, de volta, dirigida para a linha da Lei.
3) A linha vertical ao longo da linha da Lei, em subida, em sentido positivo, dirigida para o S, como no 2º caso. Poderemos chamá-la a linha da obediência.
4) A mesma linha vertical, mas em descida, em sentido negativo, dirigida para o AS, como no 3º caso. Poderemos chamá-la a linha da revolta.
Então o resultado final do processo do 2º caso será dado pela soma do comprimento das linhas de sinal positivo (neste caso maiores), isto é, a linha da dor ( + ), mais a linha da obediência (+), menos a linha do erro ( – ), neste caso linha menor). Assim, agora prevalecem e vencem os valores positivos. Pelo contrário, o resultado final do processo do 3º caso será dado pela soma do comprimento das linhas de sinal negativo (neste caso maiores), isto é, a linha da erro ( – ), mais a linha da revolta ( – ), menos a linha da dor ( + ), (neste caso linha menor). Assim, agora prevalecem e vencem os valores negativos.
Qual é mais exatamente o significado contido nestas linhas?
A linha do erro expressa a nossa direção errada na procura da satisfação de um desejo fundamentalmente legítimo, para atingir a felicidade, porque a isso fomos criados. O caminho certo para ela é o da Lei, que vai direto para o S. Todos os outros caminhos são errados. É lógico porem que, como está expresso na figura, quanto mais é oblíqua a linha do erro, e com isso é menor o afastamento longe da linha da Lei, tanto menor tenha de ser o cumprimento da linha da dor, que e a de revolta à Lei e corretora do erro.
Mas o fenômeno não se esgota só com estas duas linhas, a do erro e a da dor. Se a primeira expressa a procura da felicidade em sentido errado, e a segunda a correção de tal erro pela penitência da dor, as duas linhas que, no 2º e 3º caso, aparecem em sentido vertical, não são escapatórias longe do caminho carreto da linha da Lei, mas constituem um deslocamento vertical que se dirige, no 2º caso, o da obediência, direto para o S, e no 3o. caso, o da revolta, direto para o AS. Nestes dois casos não se realiza só uma fuga longe do caminho da Lei, como na linha do erro, mas também um caminho direto ao longo da linha da Lei, seja para Deus, seja contra Deus para o Anti-Deus. Nestes dois casos, pelo fato de que o ser trabalha não se afastando da linha da Lei, mas ficando dentro dela, percorrendo um trecho seu, se repete o motivo fundamental da primeira revolta e queda para o AS, se o ser vai em descida, e o motivo da obediência e salvação para o S, se ele vai em subida.
Podemos agora compreender como se desenvolve o fenômeno. No 2º caso a linha do erro não se resolve só em puro valor negativo de erro mas, pelo fato de que é dirigida para o alto, resulta corrigida pelo valor da linha da obediência, que com a sua positividade neutraliza a negatividade da linha do erro, resolvendo caso com uma linha de dor, proporcionalmente menor.
No 3º caso, pelo contrário, a linha do erro não somente fica com o seu valor negativo de erro, não corrigido pelo valor de alguma linha positiva de obediência mas, pelo fato de que é dirigida para baixo, resulta aumentada, porque soma a sua negatividade com a da linha da revolta, resolvendo o caso com uma dor proporcionalmente maior, porque funciona duas vezes, uma para corrigir o afastamento do erro, voltando à linha da Lei; e outra para corrigir a revolta percorrendo em subida o caminho percorrido em descida, involuindo. Para neutralizar a negatividade de duas linhas em descida, seria necessária a presença de um correspondente caminho   no positivo, isto é, de uma linha da dor maior, tal que neutraliza-se a linha do erro mais a linha da revolta. É lógico: o que pode levar os valores negativos destruidores para o seu endireitamento corretor que os neutralize, não pode ser senão um correspondente peso de valores positivos que atuem no sentido da reconstrução. Temos então neste 3º caso uma linha corretora dupla. Ela se realiza em dois momentos; 1) A linha do erro ( – ) resulta corrigida pela linha da dor ( + ), que se desenvolve em sentido horizontal. 2) O que, pela inclinação da linha do erro, foi uma descida, e com isso se tornou também linha de revolta, para ser corrigido, tem de ser percorrido de novo às avessas em subida, como linha da obediência, fato que, como veremos, representa um valor diferente.
É necessário compreender que o impulso gerador da linha revolta não é da mesma natureza que o da linha do erro. Esta, como há pouco mencionamos, deriva de um desejo de felicidade, que por si mesmo não constitui impulso errado, porque pertence ao  ser como seu direito fundamental, que ele possuía em seu estado de origem como cidadão do S. Como tal, esse impulso pertence à positividade. O que o torna errado é a sua direção de afastamento da linha da Lei, e o leva à negatividade, na medida em que se realiza afastamento. Por outro lado, o princípio psicológico básico da linha da revolta é o egocentrismo separatista contra Deus, para substituir-se, a Ele. Aqui, pelo contrário, se trata de um impulso fundamentalmente errado, toda negatividade, porque dirigido somente como emborcamento do S no AS, para a derrota de Deus e a vitória do Anti-Deus. Neste caso não se trata de erro, mas de revolta. O pecado não é um dos pecados comuns de nossa vida, mas é o maior, o da rebeldia que gerou a queda; não e pecado que a criatura cometa contra si mesma, mas sim contra Deus. Se a linha do erro representa o princípio do afastamento, a linha da revolta expressa o princípio do emborcamento total. Este e o pecado de Lúcifer, pecado de orgulho que tenta agredir a Deus para destrui-Lo. Não se trata da comum fraqueza humana, caminho errado na busca do gozo, mas de uma revolta consciente, feita de propósito, para atingir a sua finalidade subversiva.
Seja em subida com a linha da obediência (2º caso), seja em descida com a linha da revolta (3º caso), se trata sempre de fundamentais deslocamentos evolutivos ou involutivos, cujo resultado e ou uma construção e adiantamento para o nosso bem, ou uma destruição e retrocesso, que depois e necessário pagar com um novo trabalho de construção e recuperação. Neste caso ao erro se junta a culpa da revolta. Isto se verifica quando se faz o mal de propósito, com conhecimento e vontade de fazer o mal. No 2º caso, em subida, há somente erro, sem vontade de revolta, mas pelo contrario, com desejo de obediência que contrabalança a descida do erro, porque leva para o alto ao invés de levar para baixo. Esta boa vontade de seguir a Lei, embora errando, significa introduzir no fenômeno uma dada percentagem de positividade apta a neutralizar a negatividade do erro; enquanto no 3º caso a má vontade de revolta contra a Lei significa introduzir no fenômeno ainda mais elementos de negatividade, que se somam aos negativos do erro. O ser e responsável também pelo erro sem vontade de revolta, porque ele é devido à sua ignorância, que é conseqüência da queda, que foi o fruto da sua vontade de revolta. É justo então que também esse erro o ser tenha que resgatar à sua custa pela dor.

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Analisemos ainda mais de perto o problema, escolhendo agora como ponto de referência, o ser, a sua verdadeira vantagem ou prejuízo.
Com a ajuda de nossa figura procuramos chegar ao cálculo geométrico dos fenômenos da ética. Colocamos aqui os seus princípios fundamentais, suscetíveis de desenvolvimento com teoremas, demonstrações e conclusões racionais.
Voltemos a observar o 2º e o 3º caso, nas suas duas posições a) e b), para resolvê-los em termos de débito ou crédito da parte do ser.
2º caso. Poderíamos chamar favorável este caso, porque o caminho das linhas positivas sendo maior do que o das negativas, o balanço se fecha em vantagem do ser.
Posição a) do 2º caso.
O cálculo neste caso se baseia sobre três linhas: 1) a ver- de negativa do erro, NN2; 2) a vermelha positiva da dor, N2N3; 3) a vermelha positiva da evolução ao longo da linha da Lei, NN3. Na balança entre os valores negativos e os positivos, vencem os positivos, pelo fato de que estes são representados por duas linhas contra uma só negativa. Do lado da negatividade temos a linha  NN2 ( – ). Do lado da positividade temos
[ N2N3 ( + )] + [NN3  ( + )].
Então a linha do erro ( – ) fica compensada por duas linhas de sinal oposto, a da dor (+) e a da obediência (+). A diferença entre os caminhos destruidores de valores e os reconstrutores é em sentido positivo. Então o movimento todo no seu conjunto se resolve em proveito do ser, pelo fato de que a soma das duas linhas positivas é maior do que a negativa.
A fórmula da posição “a” do 2º caso tem de exprimir a vantagem ( +  ) em termos de valores positivos em favor do ser, como no 3º caso, que é o seu oposto, a respectiva fórmula tem de exprimir, como veremos, o dano do ser ( – ) em termos de valores negativos. Assim, enquanto no 1º caso os dois valores opostos  + e – se equilibram, sendo iguais, neste 2º caso há uma diferença em sentido positivo favorável de vantagem, como no oposto 3º caso é lógico haja uma diferença em sentido negativo contrário, de prejuízo.
Expressemos com a letra V( + ) o conceito dessa vantagem. Ela significa tudo o que o ser ganha em sentido de positividade, de subida do AS para o S, em termos de evolução e correlativo melhoramento.
Então a fórmula resolutiva da posição a) deste 2º caso é a seguinte :

V( + ) = [ (N2N3 ( + ) + NN3 ( + ) ) – NN2 ( - )

Posição b) do 2º caso. Nesta outra posição se repete em medida e evidência maior o que temos observado a respeito da posição a) do mesmo 2º caso. A fórmula contém os mesmos elementos, mas ainda mais deslocados para os valores positivos em favor do ser. Aqui selecionamos só estas duas posições a) e b) para simplificar. Mas é possível imaginar entre elas quantas posições intermediárias quisermos, conforme a medida de deslocamento de valores que escolhermos.
Aqui também o cálculo se baseia sobre três linhas: 1) a verde negativa do erro, NN4, 2) a vermelha positiva da dor, N4N3; 3) a vermelha positiva da evolução ao longo da linha, NN5. Aqui também vencem os valores positivos, representados por duas linhas contra só uma negativa. Do lado da negatividade temos a linha NN4 ( – ). Do lado da positividade temos [N4N5 ( + )]+ [NN5 ( + )], Aqui também a diferença é em sentido positivo e o movimento todo se resolve em proveito do ser.
Então a fórmula resolutiva da posição b) deste 2º caso é a seguinte :

V( + ) = [N4N5 ( + ) + NN5 ( + )] – NN4 ( – )

Algumas observações. Observamos que, quanto mais vertical e menos obliqua é a linha do erro, e com isso é menor o seu afastamento da linha da Lei, tanto mais diminui o comprimento da linha da dor e aumenta a linha do progresso em subida, isto é, o comprimento do trajeto percorrido em sentido evolutivo em favor do ser. Isto quer dizer: 1) que diminui sempre mais o caminho de volta para a Lei (dor); 2) que o ser realizou um trabalho útil de progresso ao longo da linha da Lei em seu proveito.
Não esqueçamos o que há pouco mencionamos, isto é, que aqui estudamos o fenômeno em função da vantagem ou dano do ser, e que por isso estes são agora os nossos pontos de referência.
Na posição a) deste 2o caso temos então que, se para corrigir o erro expresso pelo comprimento da linha NN2 é necessária a dor expressa pelo comprimento da linha N2N3 (dano), ao mesmo tempo o ser percorreu em sentido evolutivo o comprimento da linha NN3 em seu proveito. No 1o caso, NN1N o ponto de chegada é N, o mesmo que o de partida. Mas no 2º caso o ponto de partida é N, e o ponto de chegada é N3, o que quer dizer que, embora errando pelo caminho do mal, o ser realizou alguma coisa no caminho do bem, Isto não é absurdo nem impossível na realidade de nosso mundo, onde vemos que bem e mal muitas vezes se misturam no mesmo ser e na mesma obra. Acontece assim que o pagamento por meio da linha da dor não somente neutraliza a do erro, mas através desta experimentação deixa no fim o ser numa posição mais adiantada. Isto representa uma vantagem que compensa e anula parte do dano produzido pelo erro. Este trecho que foi ganho como progresso constitui como um abatimento na dívida que o ser tem de pagar para se resgatar do erro com a sua dor. Eis aí o significado da fórmula resolutiva da posição a) do 2º caso.
Na posição b) deste 2º caso as características do fenômeno vão sempre aumentando em favor do ser. A linha da dor, ao invés do comprimento NN3, fica reduzida à linha N4N5; e a linha do progresso em subida, ao invés do comprimento NN3, resulta aumentada a NN5. Desta vez o ponto de chegada é N5, o que quer   dizer que foi percorrido em subida um caminho ainda maior, e que por conseguinte no fim o ser se encontra numa posição ainda mais adiantada. Isto representa uma vantagem maior em favor do ser. Este trecho a mais que foi ganho como progresso constitui um abatimento maior na dívida que o ser tem de pagar com a sua dor, ao mesmo tempo que o comprimento da linha da dor foi diminuindo. Eis aí o significado da fórmula resolutiva da posição b) no 2º caso.
Estas duas posições a) e b), como há pouco dizíamos, são só dois exemplos escolhidos para a nossa demonstração entre os muitos possíveis, que cada um pode multiplicar à vontade. Mas estes dois, como na figura, já bastam para nos mostrar a tendência do fenômeno de deslocar os seus valores no sentido de que, à posição cada vez menos oblíqua e inclinada da linha do erro, corresponde uma progressiva diminuição do comprimento da linha da dor (dano), e um progressivo aumento do comprimento da linha do progresso em subida (vantagem).
Esta tendência nos leva a considerar a posição limite deste processo, e a poderíamos chamar a posição c) deste 2º caso.
Esta tendência significa que o fenômeno está dirigido para uma quantidade de valores positivos conquistados, sempre maior, para a  vantagem do ser, e para uma quantidade de valores negativos cada vez menor, a cargo e para o dano do ser. Não há somente o fato de que os primeiros funcionam em favor do ser, como resgate do seu erro; mas ao mesmo tempo há também uma diminuição   progressiva do comprimento da linha da dor.
Ora, é claro que, se levarmos esse processo até ao seu caso limite, atingiremos uma posição em que a quantidade dos valores positivos conquistados será máxima, e com isso o será a vantagem  do ser; e a quantidade dos valores negativos será anulada, e com isso o será o dano do ser. Acontece que no fim desaparece a linha da dor, e o erro não foi mais erro, mas só uma tentativa bem sucedida que se resolveu num progressivo caminho de subida. Isto é lógico, porque a crescente inclinação da linha do erro para o alto, cada vez mais a aproxima da linha da Lei,, até anular todo afastamento e com isso a linha da dor que é a sua conseqüência, porque representa o caminho de volta à Lei. É lógico que, não havendo mais afastamento, não haja também linha de dor. Neste caso limite o fenômeno chega então a esta posição: não mais afastamento, nem dívida a pagar, nem dano e dor para o ser, nem valores negativos a  resgatar, restando somente a vantagem da evolução realizada. Este é o caso dos santos que, como Agostinho e Francisco de Assis, pecadores na sua juventude, do erro souberam tirar a experiência útil para realizar um progresso espiritual e, assim, transpuseram um nível de vida   mais alto.

           q q q


Continuemos agora analisando este processo, mas em sentido oposto, igualmente nas suas duas posições a) e b).
3º caso. Poderíamos chamar desfavorável este caso, porque o caminho das linhas positivas sendo menor do que o das negativas, o balanço se fecha com prejuízo para o ser.
Posição a) do 3o caso.
O cálculo neste caso se baseia sobre três linhas: 1) verde negativa do erro, NN6; 2) a vermelha positiva da dor, N6N7; 3) a verde negativa da involução, percorrida em descida ao longo da linha da Lei, isto é, a linha NN7, que terá de ser corrigida em sentido oposto, positivo, evolução, como esforço de subida, N7N. Aqui na balança entre os valores negativos e positivos, vencem os negativos, pelo fato de que estes estão representados por duas linhas, contra uma positiva. Do lado da negatividade temos as linhas [NN6 ( – ) ] + [NN7 ( – )]. Do lado da positividade temos só a linha N6N7. Então à linha do erro ( – ) se junta outra linha negativa, a da descida involutiva. A diferença entre os caminhos destruidores de valores e os reconstrutores, é em sentido negativo. Então o movimento todo no seu conjunto se resolve em prejuízo do ser, pelo fato de que a soma das duas linhas negativas é maior do que a positiva. Se no fim do processo da posição a) do 2º caso o ser se encontrava em N3, com a vantagem do caminho percorrido em subida como progresso, agora no fim do processo da posição a) do 3º caso, o ser se encontra em N7, com a desvantagem do caminho percorrido em descida como involução, que depois é necessário pagar subindo de novo com o próprio esforço.
Então a fórmula desta posição a) do 3º caso tem de exprimir esta desvantagem (– ) em termos de valores negativos com dano para o ser, como acima mencionamos. Aqui nos encontramos na posição oposta à correspondente a) do 2º caso.
Expressemos com a letra D (– ) o conceito deste dano. Este significa tudo o que o ser perde em sentido de negatividade, de descida do S para o AS, em termos de involução e correlativo prejuízo.
Então a fórmula resolutiva da posição a) deste 3º caso é a seguinte :

D ( – ) = N6N7 ( + ) – [NN6 ( - ) + NN7 ( - )]

Posição b) do caso. Nesta outra posição se repetem mais acentuadas e evidentes as condições da posição a) do mesmo 3º caso. É lógico então que os valores negativos prevaleçam ainda mais sobre os positivos, o que quer dizer para o ser aumento de desvantagem. A fórmula contém os mesmos elementos, mas ainda mais deslocados para os valores negativos, em desfavor do ser. Aqui vigoram os mesmos princípios, mas sempre piorando, o contrário  da correspondente posição b) do 2º caso que iam sempre melhorando.
Aqui também o cálculo se baseia sobre três linhas: 1) a verde negativa do erro, NN8; 2) a vermelha positiva da dor. N8N9; 3) a verde negativa da involução, percorrida em descida ao 1ongo da linha da Lei, isto é, a linha NN9, que tem de ser corrigida em sentido oposto, positivo de evolução, como o esforço do ser, pelo caminho inverso N9N. Aqui vencem sempre mais os valores negativos, representados pelas duas linhas deste sinal, contra só uma positiva. Do lado da negatividade temos as linhas [NN8 ( – )]+ [NN9 ( – )] . Do lado da positividade temos só a linha N8N9 (+). Aqui também a diferença é em sentido negativo e o processo se resolve todo em desfavor do ser, pelo fato de que à linha do erro   ( – ) se junta outra linha negativa, a da descida involutiva, e a soma    das duas linhas negativas é maior do que a linha positiva. Se no fim do processo da posição a) do 3º caso o ser havia descido até ao ponto N7 da escala evolutiva, agora no fim do processo da posição b) do mesmo 3º caso, o ser desceu até ao ponto N9, o que exige depois um trabalho de recuperação muito maior.
Então a fórmula resolutiva da posição b) deste 3º caso é a seguinte :

D ( – ) = N8N9 ( + ) – [ NN8 ( – ) + NN9 ( – )]

Algumas observações. Se no 2º caso vai cada vez mais aumentando a linha percorrida em subida evolutiva em favor do ser, no 3º caso o mesmo fenômeno se repete às avessas, e assim vai cada vez mais aumentando a linha percorrida em descida involutiva em desfavor do ser. No 2º caso tudo está orientado em sentido positivo construtor, no 3º caso em sentido negativo destruidor, Trata-se de dois sistemas de forças opostas : um dirigido para o alto, o outro para baixo. No primeiro prevalecem os valores positivos, e é lógico então que o resultado final seja positivo: V(+). No segundo prevalecem os valores negativos e é lógico então que o resu1tado final seja negativo:    D ( – ). Se no 2º caso, em subida, a linha verde    ( – ) do erro resulta corrigida só pela linha vermelha ( + ) da dor, com a vantagem ( + ), porem, de ter atingido um ponto mais adiantado no caminho da evolução, no 3º caso, em descida, a linha do erro resulta corrigida pela linha vermelha ( + ) da dor, com a desvantagem ( – ), porém, de ter retrocedido para um ponto mais atrasado no caminho da evolução.
Para voltar ao ponto de partida N, recuperando o perdido, é necessário reconstruir o que foi destruído, isto é, com o próprio esforço ter de cumprir de novo o trabalho de percorrer em subida o caminho que foi percorrido em descida E por isso que no 3º ca­so o trabalho necessário para chegar ao resgate do erro é muito maior. Enquanto no 2º caso a linha em sentido evolutivo represen­ta um abatimento na dívida do ser, o que constitui um crédito em seu favor, no 3º caso não somente não existe essa compensação, mas a linha percorrida em sentido involutivo representa um acrés­cimo na dívida do ser, enquanto gerou um novo débito a pagar, que vai aumentar o outro expresso pela linha do erro.
Se olharmos para as posições a) e b) do 3º caso, veremos a mesma tendência a um deslocamento de valores sempre maior que, se no 2º caso é em sentido positivo, pelo contrário neste 3º caso é em sentido negativo. Em outros termos, quanto no 2º caso a tendência é dirigida para um contínuo aumento em favor do ser, no 3º caso ela o é para um contínuo aumento em desfavor dele.
Continuando por este caminho, chega-se, como vimos no 2º caso, à posição limite do fenômeno. Nesta posição a linha do erro tanto se inclinou para baixo, que acabou sobrepondo-se à linha da Lei, mas às avessas, isto é, em sentido emborcado, todo negati­vidade, não em subida mas em descida.
Esta é o que podemos chamar a posição c) do 3º caso.
Se no 2º caso a anulação do afastamento da linha do erro da linha da Lei levou à anulação da linha da dor, e no fim ficou só o trabalho positivo realizado em sentido evolutivo, neste 3º caso a mesma anulação do referido afastamento leva à anulação da linha da dor em outro sentido. Não há outros meios de recuperação que não sejam aqueles de repetir, sozinho, o esforço de quem, invo­luindo, caiu no fundo de um abismo e tem de subir novamente, escalando à sua custa as íngremes paredes. Não se trata mais só de uma penitência que neutraliza o pecado. Pela sua descida o ser re­trocedeu um mais baixo nível de vida, repetindo e confirmando com vontade de revolta um trecho do mesmo caminho da primeira grande queda.
Para o ser abismado nesta posição, ficou anulada até a li­nha vermelha da dor (+) com os seus poderes reconstrutores de positividade. Com isso desaparece a possibilidade do resgate pelo caminho do arrependimento e da dor, que representam o meio com que pode corrigir o erro quem ficou no mesmo nível de evo­lução. O ser desta vez se tornou fera, porque involuiu num trecho do caminho para o AS e com isso adquiriu mais qualidades deste ao mesmo tempo perdendo as do S; perdeu o que tinha conquista­do em conhecimento, felicidade, vida, liberdade, proporcionalmente decaindo para a ignorância, o sofrimento, a morte, o determinismo e o caos do inferno. Este é o justo galardão que recebe, porque merecido, quem cumpre o crime da revolta absoluta contra Deus, não por erro mas, como mencionamos, por orgulho, por espírito de revolta, com conhecimento e vontade de praticar o mal. Este caso é mais raro que o do erro comum, porque requer um impulso muito mais decidido para a negatividade, impulso de revolta que tem de ser tanto mais poderoso quanto mais for inclinada a linha do erro, até ao caso limite em que ela não é mais lateral, mas só descida ver­tical, involução, posição de revolta absoluta para a vitória do AS, vontade do ser contra a da Lei. Não se trata mais do pecado do homem, mas, como dissemos, do de Lúcifer, que não se resolve só com o arrependimento percorrendo a linha da dor, mas de novo transformando-se e amadurecendo pela profunda e dura fadiga re­dentora da evolução.
Neste caso não se trata de uma negatividade acidental, de superfície, fácil de corrigir, porque o erro por si só não subverte fun­damentalmente a natureza do ser. Mas se trata, pelo contrário, de uma negatividade central, profunda, e para endireitar é necessário um renovamento igualmente central e profundo no sentido da posi­tividade, pelo fato de que neste caso, por causa do regresso, acordam e voltam a desencadear-se as forças obscuras do AS. Este é o caso oposto ao dos santos, acima mencionados, que erraram na pro­cura da verdade e do bem, para acabar santificando-se. Neste 3º caso em descida se trata, pelo contrário, de seres que quiseram fa­zer o mal, pelo mal, em pleno conhecimento, não por erro, mas por vontade decisivamente resolvida a realizar o emborcamento do S no AS. Este não é só pecado secundário devido à ignorância e fraque­za do ser, erro que pode gerar somente um afastamento lateral, que a penitência da dor pode corrigir; mas é o pecado fundamental, o primeiro e maior, devido ao espírito de revolta, o que gerou o pro­cesso involutivo da queda e o desmoronamento de todo o nosso universo.
Eis o significado das duas posições limites c) do 2º e 3º caso. A primeira é toda em subida, fato que neutraliza o erro e acaba reabsorvendo a linha da dor. A segunda é toda em descida, fato que transforma o erro em crime, que não há arrependimento e sacrifício comum que possa facilmente apagar. A progressiva incli­nação da linha do erro para o alto no 2º caso, até à referida posi­ção limite, tende a transformar cada vez mais o erro (-) em tra­balho da evolução (+); e esta transformação se realiza em cheio na posição limite c) do fenômeno, em que triunfa toda a positivida­de. Ao contrário, a progressiva inclinação da linha do erro para baixo no 3º caso, até à sua posição limite, tende a transformar cada vez mais o erro (-) em trabalho de involução (-); e esta transfor­mação se realiza em cheio na posição limite e) do fenômeno, em que triunfa toda a negatividade.
Na primeira destas duas posições limites venceu a Lei e, em obediência, o ser ganhou. Na segunda venceu o ser e, com a revolta, ele perdeu. Nestas duas posições limites todo o movimento se realiza não de lado, mas dentro da linha da Lei. Adquire por isso, seja no sentido da positividade como no da negatividade, sen­tido resolutivo de progresso que é vida, ou de regresso que é morte. Nestes casos o deslocamento não é só afastamento lateral, que deixa o ser no mesmo plano de vida, mas é deslocamento de nível bioló­gico para o S, ou para o AS, com todas as suas conseqüências. No 3º caso se trata do emborcamento dos valores fundamentais do exis­tir, de regresso, de gênese do mal, como no caso da primeira revol­ta. A inclinação da linha do erro para o alto expressa a boa von­tade, que é tanto maior quanto maior for a inclinação, até ser toda completa, quando as duas linhas coincidem na posição limite A inclinação da linha do erro para baixo expressa a má vontade, que é tanto maior quanto maior for a inclinação, até se completar quan­do as duas linhas coincidem na posição limite.
Erro e boa ou má vontade são elementos que todos conhecemos pela nossa prática quotidiana, e que de fato vemos mis­turar-se em cada ato nosso, em proporções diferentes. Eis que este estudo geométrico de nossa figura, apesar de poder parecer traba­lho abstrato afastado da realidade, nos leva a compreender o valor e as conseqüências de nossa conduta, e a formular racionalmente as normas dessa nova ética, cujos alicerces estamos aqui construindo, com a enunciação dos seus princípios.

Tirado do Livro: Queda e Salvação: Autor: Pietro Ubaldi...

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