segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A vida organizada










                                          II
                                A vida organizada
                                                    AS CONSTRUÇÕES CELULARES
Sob a orientação misericordiosa e sábia do Cristo, laboravam na
Terra numerosas assembléias de operários espirituais.
Como a engenharia moderna, que constrói um edifício prevendo os
menores requisitos de sua finalidade, os artistas da espiritualidade
edificavam o mundo das células iniciando, nos dias primevos, a
construção das formas organizadas e inteligentes dos séculos
porvindouros.
O ideal da beleza foi a sua preocupação dos primeiros momentos, no
que se referia às edificações celulares das origens.
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É por isso que, em todos os tempos, a beleza, junto à ordem,
constituiu um dos traços indeléveis de toda a criação.
As formas de todos os remos da natureza terrestre foram estudadas
e previstas. Os fluidos da vida foram manipulados de modo a se adaptarem
às condições físicas do planeta, encenando-se as construções celulares
segundo as possibilidades do ambiente terrestre, tudo obedecendo a um
plano preestabelecido pela misericordiosa sabedoria do Cristo,
consideradas as leis do princípio e do desenvolvimento geral.
OS PRIMEIROS HABITANTES DA TERRA
Dizíamos que uma camada de matéria gelatinosa envolvera o orbe
terreno em seus mais íntimos contornos. Essa matéria, amorfa e viscosa,
era o celeiro sagrado das sementes da vida. O protoplasma foi o embrião
de todas as organizações do globo terrestre, e, se essa matéria, sem forma
definida, cobria a crosta solidificada do planeta, em breve a condensação
da massa dava origem ao surgimento do núcleo, iniciando-se as primeiras
manifestações dos seres vivos.
Os primeiros habitantes da Terra, no plano material, são as células
albuminóides, as amebas e todas as organizações unicelulares, isoladas e
livres, que se multiplicam prodigiosamente na temperatura tépida dos
oceanos.
Com o escoar incessante do tempo, esses seres primordiais se
movem ao longo das águas, onde encontram o oxigênio necessário ao
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A CAMINHO DA LUZ
tenimento da vida, elemento que a terra firme não possuía ainda em
proporções de manter a existência animal, antes das grandes vegetações;
esses seres rudimentares somente revelam um sentido - o do tato, que deu
origem a todos os outros, em função de aperfeiçoamento dos organismos
superiores.
A ELABORAÇÃO PACIENTE DAS FORMAS
Decorrido muito tempo, eis que as amebas primitivas se associam
para a vida celular em comum, formando-se as colônias de infusórios, de
polipeiros, em obediência aos planos da construção definitiva do porvir,
emanados do mundo espiritual onde todo o progresso da Terra tem a sua
gênese.
Os reinos vegetal e animal parecem confundidos nas profundidades
oceânicas. Não existem formas definidas nem expressão individual nessas
sociedades de infusórios; mas, desses conjuntos singulares, formam-se
ensaios de vida que já apresentam caracteres e rudimentos dos
organismos superiores.
Milhares de anos foram precisos aos operários de Jesus, nos
serviços da elaboração paciente das formas.
A princípio, coordenam os elementos da nutrição e da conservação
da existência. O coração e os brônquios são conquistados e, após eles,
formam-se os pródromos celulares do sistema nervoso e dos órgãos da
procriação, que se aperfeiçoam, definindo-se nos seres.
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EMMANUEL
AS FORMAS INTERMEDIÁRIAS DA NATUREZA
A atmosfera está ainda saturada de umidade e vapores, e a terra
sólida está coberta de lodo e pântanos inimagináveis.
Todavia, as derradeiras convulsões interiores do orbe localizam os
calores centrais do planeta, restringindo a zona das influências telúricas
necessárias à manutenção da vida animal.
Esses fenômenos geológicos estabelecem os contornos geográficos
do globo, delineando os continentes e fixando a posição dos oceanos,
surgindo, desse modo, as grandes extensões de terra firme, aptas a
receber as sementes prolíficas da vida.
Os primeiros crustáceos terrestres são um prolongamento dos
crustáceos marinhos. Seguindo-lhes as pegadas, aparecem os batráquios,
que trocam as águas pelas regiões lodosas e firmes.
Nessa fase evolutiva do planeta, todo o globo se veste de vegetação
luxuriante, prodigiosa, de cujas florestas opulentas e desmesuradas as
minas carboníferas dos tempos modernos são os petrificados vestígios.
OS ENSAIOS ASSOMBROSOS
Nessa altura, os artistas da criação inauguram novos períodos
evolutivos, no plano das formas.
A Natureza torna-se uma grande oficina de ensaios monstruosos.
Após os répteis, surgem os animais horrendos das eras primitivas.
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Os trabalhadores do Cristo, como os alquimistas que estudam a
combinação das substâncias, na retorta de acuradas observações,
analisavam, igualmente, a combinação prodigiosa dos complexos
celulares, cuja formação eles próprios haviam delineado, executando, com
as suas experiências, uma justa aferição de valores, prevendo todas as
possibilidades e necessidades do porvir.
Todas as arestas foram eliminadas. Aplainaram-se dificuldades e
realizaram-se novas conquistas. A máquina celular foi aperfeiçoada, no
limite do possível, em face das leis físicas do globo. Os tipos adequados à
Terra foram consumados em todos os reinos da Natureza, eliminando-se
os frutos teratológicos e estranhos, do laboratório de suas perseverantes
experiências. A prova da intervenção das forças espirituais, nesse vasto
campo de operações, é que, enquanto o escorpião, gêmeo dos crustáceos
marinhos, conserva até hoje, de modo geral, a forma primitiva, os animais
monstruosos das épocas remotas, que lhe foram posteriores,
desapareceram para sempre da fauna terrestre, guardando os museus do
mundo as interessantes reminiscências de suas formas atormentadas.
OS ANTEPASSADOS DO HOMEM
O reino animal experimenta as mais estranhas transições no período
terciário, sob as influências do meio e em face dos imperativos da lei de
seleção.
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Mas, o nosso raciocínio ansioso procura os legítimos antepassados
das criaturas humanas, nessa imensa vastidão do proscênio da evolução
anímica.
Onde está Adão com a sua queda do paraíso? Debalde nossos olhos
procuram, aflitos, essas figuras legendárias, com o propósito de localizálas
no Espaço e no Tempo. Compreendemos, afinal, que Adão e Eva
constituem uma lembrança dos Espíritos degredados ria paisagem
obscura da Terra, como Caim e Abel são dois símbolos para a
personalidade das criaturas.
Examinada, porém, a questão nos seus prismas reais, vamos
encontrar os primeiros antepassados do homem sofrendo os processos de
aperfeiçoamento da Natureza. No período terciário a que nos reportamos,
sob a orientação das esferas espirituais notavam-se algumas raças de
antropóides, no Plioceno inferior. Esses antropóides, antepassados do
homem terrestre, e os ascendentes dos símios que ainda existem no
mundo, tiveram a sua evolução em pontos convergentes, e daí os
parentescos sorológicos entre o organismo do homem moderno e o do
chimpanzé da atualidade.
Reportando-nos, todavia, aos eminentes naturalistas dos últimos
tempos, que examinaram meticulosamente os transcendentes assuntos do
evolucionismo, somos compelidos a esclarecer que não houve
propriamente uma "descida da árvore", no início da evolução humana.
As forças espirituais que dirigem os fenômenos terrestres, sob a
orientação do Cristo, estabeleceram, na época da grande maleabilidade
dos elementos materiais, uma linhagem
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A CAMINHO DA LUZ
definitiva para todas as espécies, dentro das quais o princípio espiritual
encontraria o processo de seu acrisolamento, em marcha para a
racionalidade.
Os peixes, os répteis, os mamíferos, tiveram suas linhagens fixas de
desenvolvimento e o homem não escaparia a essa regra geral.
A GRANDE TRANSIÇÃO
Os antropóides das cavernas espalharam-se, então, aos grupos, pela
superfície do globo, no curso vagaroso dos séculos, sofrendo as
influências do meio e formando os pródromos das raças futuras em seus
tipos diversificados; a realidade, porém, é que as entidades espirituais
auxiliaram o homem do sílex, imprimindo-lhe novas expressões biológicas.
Extraordinárias experiências foram realizadas pelos mensageiros do
invisível. As pesquisas recentes da Ciência sobre o tipo de Neanderthal,
reconhecendo nele uma espécie de homem bestializado, e outras
descobertas interessantes da Paleontologia, quanto ao homem fóssil, são
um atestado dos experimentos biológicos a que procederam os prepostos
de Jesus, até fixarem no "primata" os característicos aproximados do
homem futuro.
Os séculos correram o seu velário de experiências penosas sobre a
fronte dessas criaturas de braços alongados e de pelos densos, até que
um dia as hostes do invisível operaram uma definitiva transição no corpo
perispiritual preexistente, dos homens primitivos, nas regiões
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EMMANUEL
siderais e em certos intervalos de suas reencarnações.
Surgem os primeiros selvagens de compleição melhorada, tendendo
à elegância dos tempos do porvir.
Uma transformação visceral verificara-se na estrutura dos
antepassados das raças humanas.
Como poderia operar-se semelhante transição? Perguntará o vosso
critério científico.
Muito naturalmente.
Também as crianças têm os defeitos da infância corrigidos pelos
pais, que as preparam em face da vida, sem que, na maioridade, elas se
lembrem disso.

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